Educar para a plenitude de vida envolve o contato com o bom, o belo e o verdadeiro

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Poderia ser apenas “mais uma aula” sobre comunicação para jovens calouros de uma faculdade em São Paulo, mas, para a professora Cecília Canalle, aula alguma deve ser “apenas mais uma”. Em sala, ela busca apresentar quem é o homem, o que deseja e o que abrange o agir comunicativo. Na aula em questão, ela uniu fotografia e música.

“Montei uma apresentação no Power Point com fotos maravilhosas do Sebastião Salgado, tendo ao fundo uma trilha espetacular do Piazzolla [músico argentino]. O coração do homem tem uma bússola para o belo. Hoje, é fácil que ele se feche para o discurso sobre o belo, mas não se fecha tão facilmente diante da experiência do belo. Quando terminei de mostrar essa apresentação, fui – com muita simplicidade – perguntando aos alunos do que haviam gostado, o que os havia impactado e por quê. As respostas foram surgindo à revelia de suas ideologias por causa da tal bússola que todo ser humano tem em direção ao que é bom, belo e verdadeiro. Isso vai recuperando a memória de quem são e para quê foram feitos: para uma beleza maior do que pensavam”, comentou à reportagem.

A experiência concreta da doutora em Educação pela USP, com quase 40 anos de docência, concretiza algo apresentado pela Campanha da Fraternidade deste ano: a Educação pode ser enriquecida quando se abre ao sentido do belo, do verdadeiro e do bom, superando, assim, uma visão reducionista do ser humano (cf. CF 2022, no 213).

DIMENSÕES ENTRELAÇADAS

Bom, belo e verdadeiro estão entrelaçados na formação integral do ser humano. O Catecismo da Igreja Católica aponta que “a prática do bem é acompanhada de um prazer espiritual gratuito e da beleza moral. Da mesma forma, a verdade implica a alegria e o esplendor da beleza espiritual. A verdade é bela em si mesma” (CIC, 2500). E a beleza não deve ser entendida apenas como algo estético ou aquilo que se possa ver ou ouvir, pois “há também belas ações e belos comportamentos, reconhecidos pela inteligência e pelo coração, capazes de contagiar e encantar as pessoas” (CF 2022, no 210).

Falando a estudantes e professores de escolas italianas, em maio de 2014, o Papa Francisco ressaltou que a escola deve sempre ser o lugar para a abertura às diferentes dimensões da realidade, o que envolve educar “para o verdadeiro, para o bem e para o belo. Os três caminham juntos. A educação não pode ser neutra: ou é positiva ou é negativa; ou enriquece ou empobrece; ou faz crescer a pessoa ou a deprime, pode até corrompê-la”, disse, ressaltando ainda que os três elementos “fazem-nos crescer e ajudam-nos a amar a vida, até quando estamos mal, até no meio de problemas. A verdadeira educação faz-nos amar a vida, e abre-nos para a plenitude da vida!”.

NO COTIDIANO DA ESCOLA

Também para Gislene Naxara, diretora pedagógica do Colégio Salesiano Santa Teresinha e do Liceu Coração de Jesus, ambos na capital paulista e que fazem parte da rede salesiana de escolas, trabalhar com os estudantes as dimensões do bom, do belo e do verdadeiro deve remeter à valorização da vida, não apenas em uma perspectiva transcendente, mas também com práticas concretas.

Gislene lembra que nas escolas salesianas um dos caminhos para tal é o trabalho sobre o projeto de vida dos estudantes do ensino médio, pelo qual eles refletem sobre o próprio existir, onde estão e onde querem chegar no futuro – o que não se limita à escolha de uma profissão – e como as atitudes individuais incidem nas demais pessoas.

Com estudantes do 9o ano do ensino fundamental e do 1o ano do ensino médio têm sido montadas frentes de trabalhos no contraturno escolar para pensar projetos pedagógicos, culturais, integradores, sustentáveis e campanhas solidárias, estas últimas com grande adesão dos alunos: “Agora na Páscoa, por exemplo, temos a campanha da doação do chocolate. E aqui concretamente digo que há o trabalho com o belo, o verdadeiro e o bom, pois vemos o envolvimento dos estudantes, pensando em como contagiar os demais alunos nesse projeto e fazê-los conhecer mais sobre quem vai receber as doações, ou seja, é um olhar para o outro”, exemplificou.

A diretora pedagógica lembrou, ainda, que a estética e o cuidado com a escola também são outra preocupação nesta educação integral, com salas voltadas para o pátio e que permitam visualizar todo o ambiente, além de os espaços estarem sempre limpos e organizados.

PARA ALÉM DOS MUROS

Conforme o texto-base da Campanha da Fraternidade, “educar é também ajudar as consciências a abrirem-se para a beleza do conjunto dos seres do uni- verso, em sua multifacetada variedade e contínua interrelação. O ser humano não é uma ilha, mas encontra a sua verdade, bondade e beleza na justa relação com a natureza, com os outros seres humanos e com a Fonte criadora de todas as coisas” (CF 2022, no 215).

Gislene Naxara assegurou que quando há atividades externas, como as saídas culturais – uma ocorrerá em breve com os estudantes do ensino médio pelo centro de São Paulo –, os alunos conseguem, com a mediação do professor, ir além do saber teórico a partir do contato com aspectos da natureza, das artes e da dinâmica da vida: “Quando se ultrapassa os muros da escola e se vai para a parte procedimental, atitudinal, isso enriquece e fortalece a aprendizagem, por meio do uso de todos os sentidos. Também se desperta no aluno o desejo de saber mais sobre determinado assunto”.

COM OS OLHOS VOLTADOS PARA A FONTE DA PLENITUDE

De acordo com a professora Cecília Canalle, quando o estudante tem a oportunidade de confrontar o conteúdo apresentado em um texto com sua realidade concreta, ele se torna protagonista do agir educativo e pode perceber a grandeza da Criação. “Qualquer conteúdo fala de Deus, fala da Criação, sem que se precise explicitar nada. Pode levar a um maravilhamento, a um olhar para a realidade e a perceber que ela é grandiosa.”

Também a esse respeito, o Catecismo da Igreja Católica aponta que “as múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) refletem, pois, a perfeição infinita de Deus. Daí que possamos falar de Deus a partir das perfeições das suas criaturas: porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor” (CIC, 41).

Nas escolas salesianas – que são confessionais católicas –, recorrentemente os estudantes refletem sobre a ação de Deus no cotidiano: “Nos momentos do ‘Bom-Dia’ ou do ‘Boa-Tarde’, temos uma mensagem e uma oração. Nem todos os alunos são cristãos, mas eles participam. Dias atrás, conversei com os estudantes do fundamental II e do ensino médio do Liceu sobre o mandamento ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. Refletimos que Ele está presente em cada um de nós, ou seja, presente em mim e, também, no outro. No ambiente escolar, Ele está no exemplo dos educadores, nas suas propostas, enfim, em como as pessoas enxergam Deus nas outras”, concluiu Gislene.

Por: Daniel Gomes – O SÃO PAULO / Reprodução O SÃO PAULO

Foto: Colégio Salesiano Santa Teresinha

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