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12/07/2018
A cultura materialista que nos rodeia, por diversas vezes, tenta-nos convencer da prática da eutanásia como uma necessidade que gera compaixão pelo que sofre. Isso na verdade não objetiva a preocupação com a pessoa humana, mas se trata de uma falsa compaixão. O Papa Francisco tem tornado-se uma das maiores vozes que denunciam uma espécie de “eutanásia encoberta”. Para o Papa argentino, “cada idoso, embora doente ou no fim dos seus dias, leva em si o rosto de Cristo”. Obviamente que tal reflexo da cultura de morte emana da perda de fé que assola o homem moderno. Pretende-se viver como se Deus não existisse, e como se Ele não fosse mais o fundamento da existência humana.
Promover a prática da eutanásia em nada reforça um ato de dignidade pela pessoa que sofre, e também não se trata de uma questão da contemporaneidade moderna, como se a significação da palavra “matar” fosse variável mediante a mudança de épocas. Como filhos da Igreja, não podemos assumir o lugar do respeito humano que se cala diante dos mensageiros da cultura de morte, mas devemos nos pôr no lugar dos que acreditam convictamente que “a verdadeira resposta não pode ser proporcionar a morte, por muito suave que ela seja, mas sim testemunhar amor para ajudar a enfrentar a dor e a agonia” (Papa Emérito Bento XVI).
Para a Igreja, as pessoas doentes devem ser amparadas; tais pessoas devem ser cuidadas com o fim de terem uma vida tão normal quanto possível. Portanto, “uma ação ou omissão que, em si ou na intenção, gera morte a fim de suprimir a dor constitui um assassinato gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito pelo Deus Vivo, seu Criador” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2277).
Para a doutrina multissecular da Igreja, o direito humano fundamental é o direito à vida, e essa deve ser assistida pela medicina paliativa quando estiver ameaçada pelos últimos momentos da vida natural. Esse acompanhamento deve reclamar uma reforma nas estruturas do sistema sanitário e social, fazendo com que tenhamos os devidos cuidados para com nossos idosos.
O discurso desumanizador da eutanásia golpeia não somente o rosto de Cristo, mas também o seu coração. Cristo carregou nossos sofrimentos e os redimiu, deu-nos o exemplo do amor até as últimas consequências, e mesmo que tenhamos que viver duras provas físicas e morais, o Senhor já se antecipou, ensinou-nos a carregar a cruz na medida do amor banhado por sacrifícios.
Por Dom Manoel Delson – Arcebispo da Paraíba