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08/12/2016Quem não se comove ao ver uma mãe abraçando seu filho recém-nascido? A gravidez é motivo de grande alegria. Cada criança que nasce é um verdadeiro milagre. Amor semeado, cresce, cresce, cresce. E quando nasce, Deus fica feliz. Dá gargalhadas de alegria: “- Luz! Luz! Luz!”, grita Ele sorridente. -“Luz para iluminar o mundo!” Quem espera um bebê pode ter muitos medos mas o amor cobre uma multidão de temores e a ansiedade de ver chegar a criança não cabe no peito.
E essa espera da mãe? De nove meses, semana após semana, contando os dias, as horas, sofrendo as dores de parto, esperando aquele momento único de abraçar o fruto do seu ventre? Noites em vigília. Quantas vezes deve ter ouvido o título deste texto: “o que você está esperando?” E lá se iniciava o relato da história de uma vida. Quanta esperança renasce nos lares após o nascimento de um bebê.
E se essa criança for o Salvador? Esse evento natalício não só alegra a mãe, o pai, mas toda a humanidade. Sim, Ele já nasceu entre nós. Deus de Deus. Luz da luz. Jesus Cristo, 100% homem, igual a nós em tudo, menos no pecado, não é apenas um personagem que dividiu a história ou um profeta que fez muitos milagres em vida. O que já seria algo esplêndido. Jesus, o bebê que nasceu no ventre da Virgem Maria em Nazaré é 100% Deus.
E o advento é o tempo litúrgico onde relembramos e celebramos o nascimento de Nosso Salvador Jesus Cristo, a chegada do Messias entre nós. Conforme escreveu Romano Guardini, “a nossa salvação baseia-se numa vinda”. E é uma dupla espera, porque ao passo que queremos celebrar e fazer memória de algo tão importante para toda a humanidade, continuamos esperando a sua segunda vinda gloriosa. Essa espera continua. E ficar esperando não pode significar apatia. Inércia. Precisamos estar vigilantes, como sentinelas da manhã. Bem disse o poeta Cassiano Ricardo,”sei que é preciso prestigiar a esperança, numa sala de espera. Mas sei também que espera significa luta e não, apenas, esperança sentada. Não abdicação diante da vida. A esperança nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera. Nunca é figura de mulher do quadro antigo. Sentada, dando milho aos pombos”.
Não dá pra ficar parado deixando a vida passar em nossa frente como numa pracinha. Tudo em nosso tempo é fast. A comida. Fast food, os relacionamentos. Fast love. Tudo é rápido demais, passageiro, descartável. O tempo passa, o tempo voa e no ritmo da pós- modernidade, caminhamos apressados com tudo o que fazemos. Há pressa na fila do banco, na mesa de casa, no trânsito, até na hora de ir à missa. Seguimos cantando a música do homem fragmentado, que vive aos pedaços. Nos distanciamos de nossa inteireza e valores. É preciso parar um pouco. Olhar pra si mesmo. Olhar para o lado. Olhar para os outros.
Quando a mulher fica grávida seu corpo a obriga a desacelerar. Nestas quatro semanas façamos esse exercício. Desacelerando nossos corações e centralizando nossas atenções naquele que vai nascer: o filho de Deus! É preciso gerar em nós o tempo de Deus. Um tempo onde sempre é Natal, onde há mais solidariedade, onde a gente vê luzes na rua e dentro dos olhares cheios de esperança mesmo naqueles que moram nas ruas. Já que o tempo do Natal desperta tantas boas ações vamos fazer com que se estenda por todo o ano. Que esse clima de fraternidade e expectativa da vinda do Senhor faça com que cada um de nós saia de si mesmo e vá ao encontro do outro, como já exortou nosso amado Papa Francisco: “a Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não somente as geográficas, mas aquelas existenciais – do mistério do pecado, da dor da injustiça, da ignorância, da falta de fé, do pensamento, de todas as formas de miséria”.
Portanto mais importante do que saber o que esperar é preciso saber o como esperar. Ser cristão não é fechar os olhos para a realidade numa atitude alienada. Ao contrário, aquele que vive o advento, essa feliz expectativa, quer despertar e abrir os olhos para os desafios e tragédias que vivemos tendo sempre um olhar de esperança. O monge trapista Thomas Merton em seu livro Tempo e liturgia, afirma que “o mistério do Advento focaliza a luz da fé sobre o próprio sentido da vida, da história, do homem, do mundo e de nosso próprio ser. No Advento, celebramos a vinda e, em realidade, a presença de Cristo em nosso mundo. Damos testemunho da sua presença mesmo no meio de todos os seus problemas imperscrutáveis e de suas tragédias. Nossa fé no Advento não é uma fuga do mundo para dentro de uma região nebulosa de ‘slogans’ e consolações que declaram ser nossos problemas irreais e nossas tragédias inexistentes.”
Num mundo que gira tão rápido e há tanto desespero, sejamos realistas mas semeadores da esperança. Já que “fé sem obras é morta”, vivamos na prática o que Cristo nos ensinou. Orar. Esperar. Amar. O que você está esperando?
Por Jovens Conectados via Aleteia