Mundo precisa de cristãos com coração de filhos e não de escravos
20/06/2018São Luís Gonzaga
21/06/2018
Parte da segunda seção do primeiro dia da reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada na sede da entidade, em Brasília (DF) de 19 a 21 de junho, foi dedicada à uma análise de conjuntura do processo político brasileiro tendo em vista as eleições 2018. A análise foi desenvolvida pelo doutor em filosofia pela Unicamp e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Pedro Gontijo.
Antes de entrar na análise das candidaturas e o que elas representam, o professor adjunto do Departamento de Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Metafísica da Universidade de Brasília, apresentou as características das concepções de desenvolvimento em disputa no Brasil: o projeto neoliberal e o projeto “neodesenvolvimentista”. Este tomou corpo no país a partir de 2003 e significou maior presença do Estado como indutor da economia e maior reforço em políticas sociais.
“A Ponte para o Futuro”, projeto do PMBD implementado após o impedimento da presidenta Dilma Rousseff, na avaliação do professor, trata-se de um retorno da agenda neoliberal, expresso em políticas de privatizações e cortes sociais em curso no Brasil. Segundo o próprio Tribunal de Contas da União (TCU), a Emenda Constitucional nº 95 de 2016, que prevê que a despesa primária da União não poderá crescer em ritmo superior ao da taxa de inflação pelo período de 20 anos (2017-2036), levará o país à uma paralisia total já no primeiro semestre de 2024.
Projetos em disputa – O professor defende também que é importante analisar o comportamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que terá nova presidência ainda este ano, e do Legislativo brasileiro que atualmente tem uma representação distorcida que não contempla a diversidade da sociedade brasileira, além dos interesses pessoais dos políticos e de bancadas que se sobrepõem ao interesse público.
A análise chamou atenção ao papel da mídia que tem atuado “criminalizando” a atividade política. O professor destacou ainda a atuação de setores evangélicos cuja estratégia é chegar a ocupar 30% das vagas no Congresso Nacional.
O professor defende que por trás das candidaturas apresentadas ao eleitorado brasileiro há projetos diferentes: conservador autoritário, neoliberal, neodesenvolvimentista, popular, híbrido político e econômico. Somado às velhas estratégias de compra de votos e de manipulação do eleitorado, as fakenews (falsas notícias) e robôts virtuais são a grande novidade que podem ter uma interferência no processo e no resultado do processo eleitoral no Brasil.
O cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, disse ser necessário olhar com bastante cuidado sobre a eleição para as casas legislativas, uma vez que a eleição fica muito focada nos cargos executivos. Ele defende que o Congresso Nacional é fundamental na política brasileira sendo necessário, em razão disto, investir em um processo de renovação dos quadros políticos.
Por CNBB