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12/03/2019
Este último mês pudemos ver a notícia do linchamento de um jovem de 18 anos. Segundo a reportagem, ele foi cercado por um grupo de pessoas num terreno baldio, interrogado, em seguida julgado culpado e executado. Tudo isso nos choca.
Recordei-me de fato, quando, ao chegar em uma capela de um bairro da paróquia onde era pároco, me inteiraram de fato semelhante, ocorrido ali mesmo ao lado da capela. Diante de meu espanto e reprovação me responderam: fizemos justiça, porque se não fizermos quem vai fazer?
Esta falta de confiança na justiça prejudica a evolução de nossa sociedade, não raro faz involuir para a lei da selva. A impunidade é alavanca para a violência que só faz aumentar.
A percepção de que o Brasil é dividido em dois andares, o de cima, no qual a lei é branda, e o de baixo, no qual a lei é rigorosa, se expressa em um ditado popular irônico: A quem rouba um milhão:mil anos de perdão, a quem rouba um tostão: mil anos de prisão.
A “Operação Lava Jato” e os projetos do atual Ministério da Justiça e Segurança Pública, acendem uma luz no fim deste túnel escuro.
É preciso recuperar a confiança da população na administração da justiça. Todos ganharão com isso. Com certeza a maioria dos magistrados é exemplar e se esforça para que isto aconteça. No entanto, a morosidade da justiça, o excesso de recursos, foro privilegiado sem critério, deixa um misto de decepção e até confirmação desta maneira distorcida como parcela da população vê a justiça.
“Infelizmente a corrupção também existe no Judiciário e no Ministério público”, declarou certa vez ao ser entrevistado, o ministro G. Dipp do STJ. O mesmo ministro também afirmava que o judiciário trabalhava para separar suas “maçãs podres” (cf. Folha de S. paulo 23/04/07). É alentadora a franqueza e humildade destas declarações que expressam realismo e bom senso. Despertam esperança de termos no futuro uma justiça cada vez mais “justa” para todos. Nesta busca é inegável o préstimo que a imprensa exerce em favor da verdade.
Fazer justiça é um atributo divino, pois só Deus é perfeitamente justo e administra a justiça com perfeição porque só Ele é saber total e absoluto. Deus é o “sol da justiça”, diz a Bíblia (Ml 3,20). Assim como o sol tudo penetra e faz nascer, crescer, além de aquecer, a justiça bem distribuída traz vida à nação.
Devemos confiar na justiça e ajudar que seja administrada cada vez mais com propriedade. Nada de justiça com as próprias mãos. Confiemos na justiça, nos juízes e rezemos por eles, para que sejam iluminados pelo sol da justiça que é Deus, e sejam dignos de nossa confiança.
Por Dom Pedro Cipollini,Bispo de Santo André (SP)