Em setembro, Papa pede oração e respeito ao meio ambiente: não ao saque, sim à partilha
01/09/2020A Palavra de Deus não é uma letra morta
01/09/2020
Já passaram 189 dias da última audiência geral com os fiéis na Praça São Pedro. Era o dia 26 de fevereiro passado, agora voltam as audiências presenciais, na próxima quarta-feira, 2 de setembro, no Pátio São Dâmaso do Palácio Apostólico no Vaticano. Muito tempo, parecendo ainda mais longo, porque as audiências gerais graças à catequese e talvez mais ainda graças aos gestos e os “fora programas” de Francisco se tornaram um encontro esperado e seguido não só pelos fiéis católicos, mas também por muitos que, mesmo estando longe da Igreja, escutavam o Papa.
Assim como nas missas da manhã na Casa Santa Marta, as audiências gerais se caracterizam principalmente pelo encontro com o Povo de Deus. Fundamental. As homilias pronunciadas nas missas da manhã são breves, assim como o são as catequeses das audiências gerais muitas vezes enriquecidas por improvisações do Papa e não raro por diálogos com o público presente. “Se ficarmos lendo – disse uma vez – não podemos olhar as pessoas nos olhos”. Em vez disso, Francisco dedica um longo tempo, às vezes surpreendentemente longo, ao encontro com as pessoas e em particular com os mais fracos, os doentes, os que sofrem. Os últimos se tornam os primeiros. Alguns desses encontros, por causa da mensagem resultante, foram além da esfera das relações individuais para assumir um valor universal. Este é o caso do abraço do Papa a Vinício, um homem desfigurado por uma terrível doença, a neurofibromatose, no final da audiência geral de 6 de novembro de 2013. As imagens daquele momento na Praça de São Pedro deram a volta ao mundo testemunhando, mais de mil palavras, o que Francisco quer dizer quando pede a todos os cristãos, ninguém excluído, que toquem aqueles que sofrem as chagas de Cristo.
Na realidade, nas audiências gerais não se pode separar a palavra do gesto do Papa porque o primeiro é a premissa do segundo que, por sua vez, o fortalece e o torna tangível. Assim como ao ver o Pastor com suas ovelhas, formando um todo com seu rebanho, compreende-se que não se pode separar o fiel da comunidade eclesial. “Na Igreja enfatiza Francisco em uma audiência geral, a de 25 de junho de 2014 – não existem personalizações, não existem jogadores livres. Porque “ser cristão significa pertença à Igreja”. O nome é cristão, o sobrenome é pertença à Igreja”.
Igualmente significativa é a linguagem utilizada nas audiências das quartas-feiras, em sintonia com o que acontece nas homilias de Santa Marta. De fato, o Papa se detém nos temas centrais da vida cristã, sempre usando uma linguagem simples, compreensível para todos e que capta a essência da fé em Jesus Cristo. Em um tempo marcado pelo analfabetismo religioso, o Papa torna-se um “catequista” e explica diretamente, sem conceitos complicados, porque o encontro com o Senhor muda a vida e nos abre a uma esperança que nunca morre. Nestes sete anos e meio, os ciclos de sua catequese abrangeram um espaço muito amplo: dos Sacramentos à Misericórdia, da Eucaristia aos Mandamentos, e Francisco não deixou de oferecer suas meditações também sobre questões fundamentais da vida diária: da família à paz, do chamado a uma economia justa e solidária ao último ciclo de catequese, iniciado em 5 de agosto, centrado no tema “Curar o mundo”.
O Papa sabe que a Igreja não tem “fórmulas mágicas” para sair da crise, mas – com as últimas reflexões – quer compartilhar com todas as pessoas de boa vontade uma visão cristã para abordar as questões que a pandemia destacou, especialmente as “doenças sociais”, um vírus ainda mais difícil de ser derrotado do que a Covid 19.
Certamente, embora num contexto e de uma maneira nova, o encontro com o povo, com o Povo de Deus a quem ele tantas vezes confiou, e que sente que precisa, o ajudará a nos dar uma perspectiva de esperança, cura e renovação. Uma perspectiva que parte da convicção, expressa na Statio Orbis de 27 de março passado, de que “ninguém se salva sozinho” e que, portanto, somente caminhando juntos, somente sentindo-nos irmãos uns dos outros, poderemos sair melhor deste momento de provação.
Via Vatican News