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27/07/2020
“Posso fazer tudo que quero, mas nem tudo me convém. Posso fazer tudo que quero, mas não deixarei que nada me escravize” (1 Cor 6,12). Muita gente já escreveu sobre como a mulher deve ser. Há uma infinidade de guias na internet e nas bancas de jornal com regras para isso e normas para aquilo: “Fique magra e linda em 10 dias” ou ”Seja a melhor profissional em cinco passos”, bem como ”30 dias para ser a melhor mãe do bairro” e até “Como agarrar o seu homem’’ etc. Em alguns casos, até nas falas de nossas mães e avós, existem comentários como “Faz assim que é batata!”, na hora de dar conselhos sobre a vida.
Se você crê em Deus e busca viver de fé, lamento decepcioná-lo, mas essas ”receitas de bolo” estão longe de dar certo na sua vida.
Sofremos grande opressão social em meio a uma ditadura de costumes, modas, ideias e valores que propõem a liberdade feminina, mas, na verdade, aprisionam as mulheres que, forçadas a ‘se enquadrarem’ em um padrão inatingível, martirizam-se e frustram-se em busca da tal felicidade em cápsulas. Todas precisam necessariamente serem casadas, magras, loiras, mães perfeitas, com estudos e carreira construídos só de acertos, com direito a muitas selfies dessa vida feliz nas redes sociais? Quem disse?
Mulher Maravilha existe?
As convenções sociais, a modernidade (ou a tradição), esse blá-blá-blá autoritário não leva em conta que cada pessoa é única, criada e moldada de modo singular, com um dia a dia que pode ou não conter esses parâmetros sociais para trazer uma vida plena e feliz.
Daí, diante de tanta pressão, aumentam os conglomerados de mulheres infelizes, pois se adequar a todos os requisitos ditados pela sociedade é tarefa hercúlea; afinal, cá pra nós, Mulher Maravilha é só no filme.
As mulheres de fé precisam lembrar de que, como filhas de Deus, são livres para sonhar e fazer escolhas sempre, e isso não pode ser um problema, mas devem fugir daquilo que não edifica; ao contrário, escraviza.
Santa Teresinha dizia que Deus não coloca em nosso coração um sonho irrealizável. Porém, antes de se lamuriar, porque sua vida não está como você sempre sonhou e ficar correndo atrás das modinhas de “como ser uma mulher perfeita” (que tem uma validade muito curta, o que aumenta ainda mais a pressão social), já parou para pensar se os sonhos do seu coração foram plantados em Deus ou baseados na ficção, na vida dos outros e nos delírios midiáticos com os quais somos bombardeados diariamente?
O que fazer?
Aproveite para trocar o consumo de conteúdos vazios por alguma leitura que edifique suas ideias e sua alma. A oração pessoal e os sacramentos são vivências de fé que aumentam nossa intimidade com Deus e ajudam a tomar decisões com mais discernimento e atitude cristã.
Uma dose de bom senso, com pés no chão e coração em Deus, que pode tudo, não custa nada e fará com que nós, mulheres, percebamos que somos protagonistas de nossa história. Talvez, a sua vida se adeque a algum dos padrões atuais mencionados ou a outros, mas a mulher que vive de fé deposita sua felicidade em Deus, não na busca desenfreada por seguir uma convenção social.
Gosto de lembrar de Nossa Senhora, tão à frente do seu tempo, que aceitou ser a Mãe do Menino Jesus, sem se preocupar com o que os outros iriam pensar ou se era adequado aos padrões da época. Disse ‘sim’ aos planos de Deus, que não estavam em nenhum script social, e é para nós exemplo de uma mulher de fé. Que possamos pedir a intercessão d’Ela, a fim de nos livrarmos de tudo que escraviza nossa vida. Que possamos ser mulheres de fé que sabem fazer escolhas livres e de acordo com a vontade de Deus.
Por Mariella Silva de Oliveira Costa, via Canção Nova