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06/10/2016Gratidão é a virtude e a atitude de quem recebe favores e sabe se relacionar com quem lhos propiciou. No nosso caso em relação a quem nos outorgou a vida e no-la mantém a cada instante, a gratidão é proporcional ao nosso modo de viver, mostrando nosso esforço para agradar a Deus em todos os instantes da vida terrena. O desejo dele é o de vivermos colocando nossos talentos a serviço da justiça, do bem da família e da sociedade, de tal modo a promovermos sempre a solidariedade, a compaixão, a cidadania, o cuidado com a natureza e a fraternidade para com todos.
O ditado “cuspir no prato que nos alimenta” é o cúmulo da ingratidão. Mostra a pequenez de caráter de quem recebeu favores e não reconhece o valor do favorecedor. Na história da humanidade temos conhecido e visto o quanto o ser humano é parco de reconhecimento das dádivas do Criador! Acontecem muito a agressão ao meio ambiente e, principalmente ao semelhante, às boas instituições, aos mais pobres, aos países de pouco desenvolvimento e à própria dignidade da vida e da pessoa humana.
Ao mesmo tempo, temos exemplos marcantes de pessoas realmente gratas a Deus e ao ser humano. A Bíblia mesmo narra muitos fatos dessa natureza. Naamã foi curado de lepra com a ação do profeta Eliseu e agradeceu imensamente ao homem de Deus (Cf. 2 Reis 5,14-17). Jesus mesmo curou inúmeras pessoas de diversas enfermidades. Entre elas, dez leprosos, aos quais Ele mandou apresentar-se aos sacerdotes. Conforme o costume judeu, deviam dar o salva-conduta sobre a cura da doença para sua reintegração normal no convívio social. O próprio Mestre falou ao público sobre a ingratidão de nove dos curados. Somente um dos dez voltou para agradecer a Jesus (Cf. Lucas 17,11-19).
Mais do que voltar para agradecer, o reconhecimento da atitude do benfeitor mostra-se em segui-lo, executando seus ensinamentos e tendo conduta coerente com a manifestação de fé nele. Desse modo, a atitude de gratidão torna-se um ato contínuo de aplicação na vida do favor recebido dele. A pessoa, então, vive saudável porque não cai mais na própria deficiência. O Mestre segura-a sempre pela mão de sua ajuda. De fato, Ele quer sempre o bem para a pessoa que confia na sua ajuda. Quem nele confia jamais perece e faz o esforço de sempre caminhar com Ele!
A gratidão torna-se então, a fonte da vida saudável, por ser atitude contínua de afeição e prática do amor ao próprio Deus, que só quer o bem de quem Ele favorece com seu amor. Quem se deixa curar por Ele, tem a vida saudável de seu amor e, por isso, vive também na solidariedade com o próximo!
A atitude de gratidão, levada a sério, conserta os desentendimentos e faz a pessoa colaborar com a harmonia na sociedade.
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)