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08/11/2016A Conferência Internaional sobre o clima – Cop 22 – organizada pelas Nações Unidas, teve início ontem (7/11) em Marrakech. Há representantes de 196 países, entre os quais 30 chefes de Estado, além de agentes do setor e organizações não governamentais.
Até 18 de novembro, os participantes devem discutir os detalhes do Acordo sobre o Clima assinado em Paris em 2015 – em vigor desde a última sexta-feira – e que prevê, entre outros, deter o aumento de temperatura do planeta em dois graus, se comparado ao período pré-industrial.
A Rádio Vaticano falou a este respeito com o Oficial do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Dr. Teobaldo Vinciguerra:
“O Acordo de Paris é um texto muito geral; muitas coisas devem ser ainda definidas, e é justamente sobre “como”, que se refletirá nestes dias em Marrakech. Os organizadores da “Cop 22” – o Governo marroquino, o país que sedia o encontro – está gerindo uma situação onde uma centena de países é membro da Convenção quadro da ONU sobre mudanças climáticas e ratificou um Acordo em vigor. Os outros países, também eles mais ou menos uma centena, são sim membros da Convenção quadro da ONU, mas não ratificaram o Acordo. Um grande desafio, portanto, é o de poder trabalhar em duas velocidades sem perder os pedaços, sem deixar nada pelo caminho”.
RV: O Acordo de Paris prevê conter a emissão de CO2 em dois graus em relação ao nível pré-industrial. Quais são as possíveis estratégias para se alcançar este objetivo?
“O mecanismo previsto é o das “NDC” – “Contribuições Determinantes a nível Nacional” – em que cada país se propõe colocar no mesmo caldeirão comum. São medidas que dizem respeito às evoluções tecnológicas, modificações nos transportes, diminuição do desmatamento ou progressos do reflorestamento: toda uma série de medidas que os países apresentam como iniciativas próprias. É importante ressaltar de que não existe uma receita, nem um formato único para estas “NDC”. As demandas são como que para fazer com que as “NDC” sejam realizadas, mas também padronizadas entre os países; mas também para que se possa, o quanto antes possível, seguir passo a passo em direção a objetivos mais ambiciosos”.
RV: Mesmo porque se fala de 100 bilhões de dólares necessários para implementar este programa e são contribuições voluntárias…
“São contribuições voluntárias; também aqui não está claro como serão medidas, quem deverá pagá-las e o que será levado em consideração realmente nestas contribuições. Estamos chegando a posições que vão desde a simples redução do débito à investimentos privados, uso de fundos públicos, transferência tecnológica… Obviamente, países mais ricos, mais industrializados, países em via de desenvolvimento, têm posições um pouco mais divergentes sobre a origem destes recursos”.
RV: Em Marrakech estarão presentes centenas de ONGs. Qual é o papel da sociedade civil nesta Conferência?
“O papel das ONGs é um pouco de incentivo: estão aqui para estimular os trabalhos em Marrakech, como o resto do ano estimularam os seus governos em casa, com manifestações, mas também com uma série de eventos laterais, conferências e seminários, para animar a reflexão em torno a certos temas. Por exemplo, proporão a reflexão sobre gestão dos solos, sobre a fertilidade da terra, sobre agricultura. Se espera também um certo impulso ético-moral: é aqui que entram em jogo as religiões”.
RV: Neste contexto, qual é o papel da Santa Sé, e também da Encíclica Laudato Si?
“A Santa Sé acompanha com interesse e benevolência os trabalhos. A contribuição da Santa Sé durante a “Cop 21”, em Paris, foi muito baseada nos ensinamentos da Laudato Si: não tanto o interesse pelas questões técnicas – quantos graus, de onde vem o financiamento – mas sim a dimensão ética, a dimensão de justiça social. Este esforço que está no coração da Santa Sé e que, por exemplo, se concretiza em uma justa transição dos trabalhadores: isto é, que não haja uma simples supressão do trabalho nos setores mais poluentes, mas também uma criação de trabalho em outros setores. A preocupação pela solidariedade e a justiça entre gerações: também nisto, que mundo deixaremos às próximas gerações. A Laudato Si certamente permanece um fator de inspiração muito forte para os Governos, para a sociedade civil e também para o mundo privado. Se vê como muitas empresas, mesmo grandes multinacionais, sentiram-se provocadas pela Laudato Si. Portanto, certamente o impacto da Encíclica dura ainda muito”.
Por Rádio Vaticano