A Virgem Maria e a virtude da Fortaleza
15/12/2020Site de campanhas da CNBB fornece subsídios e informações sobre a CFE 2021
17/12/2020
“A oração de intercessão” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (16/12), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.
“Quem reza nunca deixa o mundo para trás. Se a oração não recolhe as alegrias e tristezas, as esperanças e angústias da humanidade, torna-se uma atividade “decorativa”, um comportamento superficial, um teatro, um comportamento intimista”, disse o Pontífice.
Segundo o Papa, “todos precisamos de interioridade: de nos retirarmos para um espaço e um tempo dedicados ao nosso relacionamento com Deus. Mas isto não significa fugir da realidade. Na oração, Deus “nos toma, nos abençoa, e depois nos reparte e nos oferece”, pela fome de todos”. “Todo cristão é chamado a tornar-se, nas mãos de Deus, pão repartido e partilhado. Uma oração concreta, que não seja uma fuga”, frisou o Pontífice.
“Assim, homens e mulheres de oração procuram a solidão e o silêncio, não para não serem incomodados, mas para ouvir melhor a voz de Deus. Por vezes retiram-se do mundo, na intimidade do seu quarto, como o próprio Jesus recomenda, mas onde quer que estejam, mantêm sempre a porta do seu coração bem aberta”, disse o Papa, acrescentando:
Qualquer pessoa pode bater à porta de um orante e encontrar nele ou nela um coração compassivo, que reza sem excluir ninguém. A oração é o nosso coração, e a nossa voz se torna coração e voz de muitas pessoas que não sabem rezar, não reza, não quer rezar, ou está impossibilitado de rezar, nós somos o coração e a voz dessas pessoas que sobe a Jesus, e sobe ao Pai, como intercessores. Na solidão nos separamos de tudo e de todos para encontrar tudo e todos em Deus.
Segundo Francisco, desta forma “o orante reza pelo mundo inteiro, carregando sobre os ombros as suas dores e os seus pecados. Reza por todos e por cada pessoa: é como se ele fosse a “antena” de Deus neste mundo. Em cada pobre que bate à porta, em cada pessoa que perdeu o sentido das coisas, aquele que reza vê o rosto de Cristo”.
O Catecismo escreve: «Interceder, pedir a favor de outrem, é próprio, […] dum coração conforme com a misericórdia de Deus». “Isso é belíssimo! Quando rezamos estamos em sintonia com a misericórdia de Deus. Misericórdia em relação aos nossos pecados, e misericórdia com todos aqueles pediram para rezar por eles. Em sintonia com o coração de Deus. Em sintonia com a misericórdia de Deus”, disse o Pontífice. «No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa na de Cristo: é a expressão da comunhão dos santos». O que isso significa? Disse o Papa. Significa que “quando intercedo por alguém, rezo por alguém é porque Cristo diante do Pai é intercessor, reza por nós e reza fazendo ver ao Pai as chagas de suas mãos. Porque Jesus está fisicamente com o seu corpo diante do Pai. Está fisicamente diante do Pai e rezar é fazer como Jesus interceder em Jesus ao Pai pelos outros. E isso é muito bonito!”
A oração preocupa-se pelo homem. Simplesmente pelo homem. Aquele que não ama o irmão não reza seriamente. Alguém pode dizer, no sumo do ódio não se pode rezar. No sumo da indiferença não se pode rezar. A oração se encontra no espírito de amor. Quem não ama faz de conta de rezar ou pensa que reza, mas não reza, pois falta o espírito que é o amor. Na Igreja, aquele que conhece a tristeza ou a alegria do outro vai mais a fundo do que aquele que investiga os “sistemas máximos”. É por isso que existe uma experiência do humano em cada oração, porque as pessoas, por muitos erros que possam cometer, nunca devem ser rejeitadas nem descartadas.
Segundo o Papa, quando uma pessoa movida “pelo Espírito Santo, reza pelos pecadores, não faz seleções, não emite juízos de condenação: reza por todos. E também reza por si. Nesse momento, ele sabe que nem sequer é muito diferente das pessoas por quem reza. Se sente pecador, entre os pecadores e reza por todos. A lição da parábola do fariseu e do publicano é sempre viva e relevante: não somos melhores do que qualquer outra pessoa, somos todos irmãos numa afinidade de fragilidade, de sofrimento e de pecado”.
Uma oração que podemos dirigir a Deus é esta: “Senhor, ninguém que vive perante ti é justo”, nenhum de nós, somos todos pecadores, somos todos devedores que têm contas a ajustar; não há ninguém que seja impecável aos teus olhos. Senhor tem piedade de nós”. Com este espírito a oração é fecunda pois vamos com humildade diante de Deus a rezar por todos. Ao invés, o fariseu rezava de uma forma soberba, “Eu te agradeço senhor por que não sou como eles”. “Isso não é oração. É olhar-se ao espelho. Olhar ao espelho mascarado pela soberbia”, disse Francisco.
Segundo o Papa, “o mundo avança graças a esta cadeia de orantes que intercedem, e que na sua maioria são desconhecidos, mas não a Deus! Há muitos cristãos desconhecidos que, em tempos de perseguição, puderam repetir as palavras de nosso Senhor: «Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem».”
O bom pastor permanece fiel mesmo perante a realização do pecado do seu próprio povo: ele continua sendo pai mesmo quando os filhos se afastam e o abandonam. Persevera no serviço de pastor até perante aqueles que o levam a sujar as mãos; não fecha o coração a quem talvez o tenha feito sofrer.
“A Igreja, em todos os seus membros, tem a missão de praticar a oração de intercessão. Em particular, é dever de todos aqueles que têm um papel de responsabilidade: pais, educadores, ministros ordenados, superiores de comunidades. Tal como Abraão e Moisés, devem por vezes “defender” perante Deus as pessoas que lhes foram confiadas. Na realidade, trata-se de olhar para elas com os olhos e o coração de Deus, com a sua mesma invencível compaixão e ternura. Rezar com ternura pelos outros.”
O Papa concluiu, dizendo que “somos todos folhas da mesma árvore: cada desprendimento lembra-nos a grande piedade que devemos nutrir, na oração, uns pelos outros. Rezemos uns pelos outros, fará bem a nós e a todos”.
Via Vatican News