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20/06/2016O Papa Francisco visitou, na tarde desta sábado (18/06), a Vila Nazaré, em Roma.
A Vila Nazaré foi fundada, em 1946, pelo Cardeal Domenico Tardini, com o objetivo de acolher órfãos e filhos de famílias numerosas e pobres, a fim de valorizar a sua formação a serviço da sociedade.
Ao entrar na capela da estrutura, o Papa foi saudado pelo Cardeal Achille Silvestrini, e pelos fiéis ali presentes. A seguir, foi feita a leitura de um trecho do Evangelho de Lucas, a Parábola do Bom Samaritano. Depois, o Papa proferiu algumas palavras.
“Na parábola, talvez nem o sacerdote, nem o doutor da lei, nem o samaritano e nem o dono do albergue sabiam responder: Mas quem é o meu próximo? Ou não sabiam quem fosse o próximo. O sacerdote estava apressado, como todos os sacerdotes. O doutor da lei não quis se envolver, mas o pecador, o estrangeiro, que não fazia parte do povo de Deus se comoveu, teve compaixão e se aproximou do homem que estava caído. Os três, o sacerdote, o doutor da lei e o samaritano sabiam bem o que tinham de fazer, e cada um tomou a sua decisão”, disse o pontífice.
O Papa se deteve no personagem do albergueiro, aquele que acolheu em sua pensão o homem espancado pelos assaltantes que o samaritano tinha socorrido. “É anônimo. Ele viu tudo aquilo e não entendeu nada”, frisou o Pontífice.
“Mas isso é loucura! Um samaritano que ajuda um judeu? E não só. Com suas próprias mãos cura suas feridas e me diz: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’. Nunca vi isso!”, disse o Papa, imaginando o pensamento daquele homem.
“Este homem recebeu a Palavra de Deus no testemunho. De quem? Do sacerdote? Não. Porque quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. Do doutor da lei? A mesma coisa. Do pecador. Um pecador que teve compaixão. Um pecador que não era fiel ao Povo de Deus, mas teve compaixão. Não entendia nada. Ficou na dúvida, talvez com a curiosidade: ‘Mas o que está acontecendo aqui? É estranho!’ Com a inquietação dentro. O testemunho faz isso. O testemunho daquele pecador semeou inquietação no coração daquele albergueiro. O aconteceu com ele? O Evangelho não diz. Não diz nem mesmo o seu nome. Mas certamente, este homem, porque o Espírito Santo quando semeia, faz crescer, teve a mensagem do testemunho. Dias depois, o samaritano passou outra vez por ali. Certamente, pagou alguma coisa ou talvez o albergueiro tenha lhe dito: “Não, deixa pra lá. Eu me encarrego”. Talvez tenha sido a primeira resposta ao testemunho”.
“Por que me detenho, hoje, no personagem do albergueiro? Porque o nosso testemunho não pode ser contabilizado. Testemunhar significa viver de tal maneira que os outros vejam as suas obras e glorifiquem o Pai que está no Céu.”
“Eu ouvi falar da Vila Nazaré. Existe esta obra, mas eu não a conhecia bem. Depois, Dom Celli me disse alguma coisa: É uma obra, um trabalho onde se favorece o testemunho. Aqui se vem não para tirar proveito, ganhar dinheiro, mas para seguir os caminhos de Jesus e testemunhar Jesus, semear testemunho. No silêncio, sem explicações, com os gestos, retomar à linguagem dos gestos.”
“Espero que esta obra continue sendo uma obra de testemunho, uma casa de testemunho, de testemunho a todos. De testemunho às pessoas que se aproximam ou que ouvem falar. Espero isso e que o Senhor nos liberte dos assaltantes que são muitos! Nos liberte dos sacerdotes apressados, que não têm tempo para ouvir, ver, porque tem de fazer as coisas, nos liberte dos doutores que querem apresentar a fé de Jesus Cristo com uma rigidez matemática e nos ensine a parar, nos ensine a sabedoria do Evangelho: sujar as mãos. Que o Senhor nos dê esta graça”.
Por Rádio Vaticano