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09/03/2016Celebra-se no próximo domingo, 13 de março, o terceiro aniversário da eleição de Jorge Mario Bergoglio à Cátedra de Pedro. A nossa emissora entrevistou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, que faz um balanço do Pontificado, com atenção aos desafios que Francisco está enfrentando neste momento.
Pe. Lombardi: “Tenho a impressão de que a credibilidade do Papa cresce como mestre da Igreja e da humanidade, numa perspectiva global, porque durante este ano o Papa tocou quase todos os continentes. Está presente num horizonte global e trata com credibilidade as questões da humanidade e da Igreja de hoje. Fala sobre os temas da paz e da guerra que tocam realmente todos. Fala sobre os grandes temas da sociedade atual no contexto da globalização, ‘a cultura do descarte’, a justiça e a participação. Na Encíclica ‘Laudato si’ conseguiu dar uma visão global das perguntas urgentes e cruciais da humanidade de hoje e da humanidade de amanhã. Este é o aspecto que eu vejo, ou seja, que a humanidade olha ao Papa Francisco como uma pessoa que ajuda a encontrar a orientação, a encontrar mensagens de referência numa situação de grande incerteza. Um líder e mestre crível que fazendo o seu serviço, de caráter especificamente religioso e moral, dá uma ajuda eficaz. É ouvido pelos potentes da terra. Para ele, os potentes e pobres são igualmente importantes e necessários para olhar ao caminho da humanidade rumo ao amanhã.”
A misericórdia é o coração deste terceiro ano de Pontificado ou talvez de todo o ministério petrino de Francisco. Quais são os traços marcantes que o Papa está dando a este Jubileu?
Pe. Lombardi: “Efetivamente, acredito que este tema do anúncio do amor de Deus nesta palavra específica da misericórdia, este anúncio da presença e proximidade do amor de Deus seja a característica da mensagem e do serviço que o Papa Francisco dá à humanidade. Isto desde o início de seu Pontificado. Ele encontrou esta forma, vamos dizer, nova e original de um Jubileu que é um Jubileu espalhado pelo mundo. Não é um jubileu centralizado: Roma é como o coração natural do caminho da Igreja, mas a misericórdia de Deus pode ser encontrada passando pelas portas que se encontram em todos os lugares do mundo. As obras de misericórdia corporais e espirituais dão também concretude a esta atenção aos pobres, às periferias, às pessoas descartadas e objeto de marginalização aos quais o Papa sempre dedicou a sua atenção porque estão no coração de Cristo e do Evangelho. Com este Jubileu, estamos no coração espiritual deste Pontificado que é o Pontificado de uma espiritualidade que encarna, porque se traduz imediatamente em obras de caridade.”
No Angelus de 8 de novembro passado, Francisco disse que “Vatileaks 2” não tira a sua atenção do trabalho de reforma que prossegue com confiança. Por que para o Papa a reforma é tão importante?
Pe. Lombardi: “A reforma é uma tarefa permanente na Igreja, ‘Ecclesia semper reformanda’, isso porque ninguém pode pensar ser perfeitamente fiel ao Evangelho e suas exigências profundas. O Papa, vindo de longe, dá uma perspectiva nova e tem uma grande capacidade de ver todas as expectativas de renovação da Igreja e suas estruturas de governo em função da missão universal, e ir ao encontro das exigências da Igreja em várias partes do mundo. Esta é uma tarefa que o Papa sabe que lhe foi confiada pelos cardeais quando o elegeram Pontífice. Durante as congregações, antes do Conclave, disseram a ele e o Papa sabe disso, e o faz com uma perspectiva espiritual muito característica e importante para entender bem aquilo que faz; num clima de busca contínua de obediência ao Espírito Santo que o leva a enfrentar os problemas com espírito de obediência ao Evangelho, confiança, esperança e liberdade. Os Sínodos são característicos deste comportamento e ter enfrentado um tema central como o da família nos Sínodos mostra o desejo de ir com confiança e coragem ao coração das grandes questões pastorais da vida cristã, encarnada no cotidiano, deixando-se interpelar pelos problemas apresentados pelo tempo de hoje, mas sempre guiado pelo Evangelho.”
Também este ano, não obstante a grande popularidade, não faltaram críticas ao Papa, inclusive de ambientes católicos. Como o senhor explica isso?
Pe. Lombardi: “Explico simplesmente com o fato de que o caminhar em terrenos novos, buscar responder a questões que são colocadas com urgência por um mundo que está mudando, é algo que naturalmente provoca preocupação, temor e incerteza. Caminha-se num campo que, em muitos aspectos, é obscuro. Por isso, o mover-se com coragem, apoiando-se na fé e na esperança, na convicção de que o Espírito Santo acompanha a Igreja no colocar em prática a vontade de Deus no tempo novo, não é assim simples. Nisso, o Papa certamente é um mestre que nos guia, com coragem e realidade. Ele mesmo disse muitas vezes que ao colocar a Igreja a caminho ele não saiba com clareza total qual seria o ponto de chegada ou qual o desígnio global que deve ser alcançado. Não, ele sabe que se coloca a caminho, mas muitas vezes sem saber exatamente para onde. Essa é também a condição de Abraão, a condição do caminho na fé desde sempre.”
Dentre os vários momentos e imagens deste terceiro aniversário de Pontificado existe um que o senhor recorda com emoção particular?
Pe. Lombardi: “São muitos. É um Pontificado tão infinitamente rico de gestos concretos e imagens particulares que identificar um não sei, não sou capaz. Porém, existe uma categoria de experiências e também de imagens e gestos que considero característico: a atenção aos doentes, o abraçar os sofredores. O fato de que o Papa saiba manifestar de maneira concreta e livre, e com gestos físicos a sua proximidade é um sinal que deixa transparecer a proximidade de Deus. São gestos que falam realmente a toda a humanidade e nos toca profundamente. Somos imensamente gratos a ele.”
Por Rádio Vaticano