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A inteligência humana conseguiu, nas últimas décadas, conquistas técnicas há pouco tempo inimagináveis, especialmente no campo da comunicação. O correto uso desses meios presta um enorme serviço à sociedade, pois possibilita uma rápida difusão do conhecimento humano e a aproximação de comunidades e povos. As empresas tecnológicas oferecem continuamente fascinantes ferramentas, além de colocarem à disposição dos usuários inúmeros serviços gratuitos. Essas mesmas companhias, contudo, recolhem informações pessoais dos beneficiados: sabem quem são, o que fazem, onde estão e de que gostam. Ainda não temos uma ideia clara das consequências disso. Mais: a experiência nos tem mostrado que se não forem adequadamente usadas, as novas tecnologias podem contribuir para a degradação das pessoas. Quem não percebe, por exemplo, o progressivo enfraquecimento das relações pessoais, a manipulação de dados e a dificuldade para se conhecer a verdade?
Preocupados com esses desafios, os bispos espanhóis fizeram, recentemente, três questionamentos. O primeiro deles diz respeito às relações pessoais. As redes sociais podem favorecê-las e prolongá-las, mas têm seus limites. O encontro pessoal, o olhar e o aperto de mão são insubstituíveis. Quem ainda não acompanhou desentendimentos, críticas e o rompimento de amizades por postagens, afirmações e debates inoportunos nas redes sociais? Nem sempre é fácil corrigir o que foi amplamente divulgado.
Um segundo desafio, não menos sério, é representado pela manipulação programada de dados e informações. Facilmente, os usuários das redes digitais sentem-se privilegiados e poderosos pelo fácil acesso a notícias, pesquisas e declarações. Mas há os que se aproveitam da “autoridade” com que se reveste o que sai nas redes para difundir a mentira e o ódio. Mais do que nunca é necessário formar a consciência dos cidadãos, insistir na necessidade de se desenvolver o espírito crítico e promover o bem comum.
Um outro questionamento é consequência dos dois anteriores: no mundo digital, é cada vez mais difícil conhecer a verdade, pois ele é um campo aberto a calúnias e expressões de ódio, misturadas com informações verdadeiras. Como distinguir o joio do trigo? Como não perder de vista a verdade, esse bem tão precioso à vida humana?
O mundo digital pode e deve ser humanizado. Para isso, precisamos estar convictos de que o próximo (isto é, o outro) deve ser, no mínimo, respeitado; que o bem comum precisa estar acima dos interesses pessoais; e que a verdade nos liberta, pois irradia uma luz sobre nossa vida. Se isso for observado, as redes sociais se transformarão em lugares de amizade e comunhão, onde a justiça será respeitada e o amor, vivido.
Por Dom Murilo S.R. Krieger – Arcebispo de Salvador, via CNBB