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05/08/2016Sobre a situação das crianças envolvidas em conflitos, a Santa Sé faz votos de que todas as partes deponham as armas e tomem o caminho do diálogo. Foi o que disse Mons. Simon Kassas, encarregado de negócios da Missão do Observador Permanente da Santa Sé na ONU, na última terça-feira (2), no debate aberto no Conselho de Segurança sobre esta questão. Mons. Kassas recorda o compromisso da Igreja, através de suas estruturas, no cuidado das pequenas vítimas. O cerne da discussão foi o 14º Relatório Anual divulgado pelo Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
As crianças envolvidas em conflitos. Não à destruição de escolas e hospitais
As crianças-soldado usadas como homens-bomba, para fins sexuais, ou nas operações militares mais perigosas. 2014 foi o pior ano em termos de crianças envolvidas nos conflitos armados, superado no entanto, por 2015, também por causa da gravidade das violações. “Nunca na história recente houve tantas crianças submetidas a uma brutalidade tão violenta”. Parte desta consideração, o discurso proferido por Mons. Kassas no debate realizado no Conselho de Segurança da ONU. Foi pedida uma condenação, na maneira mais dura possível, também para crimes como “a deliberada destruição de escolas e hospitais”, que, em total desrespeito do direito humanitário internacional, se tornou “uma estratégia de guerra”.
Os governos devem cumprir os compromissos assumidos
O Relatório fala de progresso na proteção das crianças, mas também da necessidade de fazer muito mais, chamando em causa os governos que, sublinha Mons. Kassas, devem implementar plenamente os compromissos que assumiram para acabar com o recrutamento de crianças-soldado. “A minha Delegação – continua Mons. Kassas – concorda plenamente com o Relatório “sobre o fato de que o uso de ataques aéreos e armas explosivas, com extensos efeitos em áreas povoadas, agrave os perigos a que estas crianças estão expostas. Deve-se também evitar a percepção de ter dois pesos e duas medidas, em colocar ou remover da lista os responsáveis, desencorajando assim os governos em causa a assumirem compromissos e planos de ação.
O compromisso da Santa Sé e de toda a Igreja Católica
A Santa Sé tem sido um parceiro constante da Organização das Nações Unidas em opor-se às muitas formas de violência contra as crianças envolvidas nos conflitos armados. “Através de suas várias estruturas operacionais na maioria das áreas em conflito, a Igreja Católica está ativamente empenhada em cuidar das vítimas dessa violência”, sublinha Mons. Kassas. Além disso, ao longo dos anos as estruturas da Santa Sé e de muitas Instituições católicas têm colaborado com as Missões de paz e com as agências da ONU para compartilhar práticas para enfrentar este flagelo. Assim, o auspício que o drama das crianças envolvidas em conflitos leva a uma mudança do coração e induza as partes a deporem as armas, escolhendo, em vez disso, “o caminho do diálogo”.
Central é a reintegração das crianças atingidas pelos conflitos
Devem também ser ajudadas as famílias dessas crianças que sobreviveram os conflitos a superarem preconceitos contra eles, especialmente as meninas vítimas de estupro. É necessário encontrar maneiras para reintegrá-las nas suas comunidades. Reintegração, de fato, é o ponto central. Acabar com os atos barbáricos em relação às crianças envolvidas em conflitos, é um dever de todos e especialmente do próprio Conselho de Segurança.
O Relatório de Ban Ki-moon na ONU
“É como se vivessem no inferno”, disse no debate o Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, referindo-se às muitas crianças que são vítimas de tortura, mutilação, abuso sexual. As frentes mais quentes são Afeganistão, Iraque, Somália, Sudão do Sul. Mas também o Iêmen, que aumentou cinco vezes em um ano, o número de crianças recrutadas no exército e nas milícias locais, e aumentou 6 vezes mais o número de crianças mortas ou mutiladas, para não mencionar o auto-intitulado Estado Islâmico, que usa cada vez mais crianças para aumentar as suas fileiras, ou do grupo fundamentalista Boko Haram na Nigéria, que fez explodir 21 jovens. Não podemos esquecer a Síria, onde milhares de crianças morreram desde o início do conflito. Há também alguma luz que ilumina esta cena escura: em 2015, mais de 8 mil crianças foram libertadas e muitos países já aprovaram leis para sua proteção. Passos importantes, em um mundo onde 250 milhões de crianças vivem em países dilacerados por conflitos.
Por Rádio Vaticano