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20/01/2016A Terra Santa sofre com a falta de peregrinos. Os lugares sagrados estão vazios e os cristãos que trabalham no setor de turismo pensam em ir embora. Somente da Itália, estima-se que no último ano ocorreu uma redução de mais de 40% nas peregrinações. Não é somente um problema econômico-social, mas uma ameaça de desvalorização dos lugares da vida de Jesus. Nestes dias a questão veio à tona por ocasião do Jubileu dos Operadores de Peregrinações e dos Santuários, que teve início neste dia 19 de janeiro com uma Missa celebrada na Basílica São João de Latrão. Um testemunho forte chega do Padre Ibrahim Faltas, franciscano da Custódia da Terra Santa, entrevistado pela Rádio Vaticano:
“Realmente, 2015 foi um ano muito difícil para toda a Terra Santa, para os peregrinos… Podemos dizer que vieram menos da metade em relação ao ano precedente e isto nos prejudica muito. Prejudica também a presença dos cristãos porque, como se sabe, a maior parte dos cristãos trabalha no setor do turismo: têm hotéis, restaurantes, são guias e neste momentos todos os hotéis e todos os santuários estão vazios. As pessoas choram e muitos ficaram desempregados e por isto vão embora da Terra Santa. Este é o problema”.
RV: Em relação ao passado – sabemos que o senhor viveu a segunda Intifada – como é a situação atualmente?
“Neste ano está pior do que a segunda Intifada. Estive antes de ontem no Getsêmani. No Getsêmani entravam entre 5 e 6 mil pessoas ao dia. Quando estive lá, estava vazio. Não havia ninguém, ninguém mesmo”.
RV: Qual a responsabilidade da mídia, também na forma como narra os acontecimento daí?
“A mídia conta sempre as coisas negativas, não contam nunca as coisas positivas, porque as coisas negativas são notícia. Uma guerra é notícia, um atentado é notícia, mas um encontro de paz não é notícia. E depois eu penso que as pessoas têm medo, não somente de vir à Terra Santa, mas também de vir em todo o Oriente Médio. No Egito, na Jordânia, existe a mesma situação. Agora na Turquia, depois dos recentes atentados. São problemas grandes, problemas sempre ligados ao medo. Por isto eu digo às pessoas: “Vençam o medo. Vocês devem voltar como peregrinos. Realmente, nunca aconteceu nada a um peregrino aqui: palestinos e israelenses respeitam os peregrinos, respeitam os turistas. Na segunda Intifada, eu estava em Belém quando estava por entrar um grupo na Igreja. Interromperam os confrontos para que o grupo pudesse entrar. Eu digo às pessoas, que não devem dar atenção à mídia, que sempre transmite notícias destes problemas, de atentados…. E depois, os atentados ocorrem em locais distantes de Belém e de Jerusalém. A maior parte, neste momento, se verificam em Hebron, em Gaza”.
RV: E como é para vocês deslocarem-se pela cidade, pelas ruas?
“Tudo tranquilo. Nós estamos vivendo um momento muito calmo. As pessoas vão e vêm, não estamos em guerra”.
RV: Padre Faltas, talvez fosse necessário reiterar que se não se reza nos lugares de Jesus, não se tem nem mesmo a força para superar as dificuldades de hoje…
“Certo. Rezemos também pelos cristãos. Se não vem os turistas, se não vem os peregrinos, realmente as pessoas vão embora, estão indo embora….”.
RV: Como comunidade, pensaram a alguma iniciativa?
“Fizemos tantos apelos, mas as pessoas não nos escutam. As pessoas continuam a ter medo. Se não mudar esta tendência, os Lugares Santos se transformarão em museus. Sem cristãos locais, perderão todo o seu significado religioso”.
Por Rádio Vaticano