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24/04/2018No plano divino, dentro do Projeto da Aliança que Deus fez com Abraão, a comunicação já fazia parte dos relacionamentos entre as pessoas, e de Deus com o seu povo. Mas estamos em novos tempos em que a comunicação passou a ter uma dimensão de facilitadora e também, em muitos casos, dificultadora como instrumento de comunhão, de fraternidade e de convivência.
Preocupados com a identidade da comunicação, os últimos papas têm refletido sobre os novos avanços que veem acontecendo nessa área. Em 2018, o papa Francisco fala de “Fake News e jornalismo de paz”. Principalmente nas redes sociais, o perigo das notícias falsas ou distorcidas, chegando a alterar a verdade e apresentar o erro e a mentira como verdade.
A Palavra de Deus nos convida a agir com responsabilidade. Isso significa que a verdade não pode ser obscurecida pelas falsas notícias veiculadas pelo sistema digital nas redes sociais. Devemos entender que os instrumentos de comunicação devem estar a serviço da verdade para construir a justiça e o bem comum. É uma realidade que leva em conta a responsabilidade de quem produz notícia.
A expressão “fake news” (notícias falsas) vem como consequência da avalanche de comunicação sem fundamento e maldosas dos últimos tempos. As consequências às vezes são trágicas e destruidoras da dignidade das pessoas por elas atingidas. Em vez de uma comunicação que constrói fraternidade e comunhão, passa a ser perigo para o bem da sociedade.
Nas notícias falsas das mass-media sempre há tendência de favorecimentos pessoais, lucros econômicos, políticos etc. Correm nas veias do comunicador, que transmite falsas notícias, atitudes capciosas para capturar a atenção dos destinatários. Isso causa emoções imediatas, sem reflexão, sem preocupação com a checagem da veracidade das fontes e acaba levando a grandes frustrações.
Quem leva ao público mentiras e falsidade, egoisticamente está se colocando numa posição de endeusamento, podendo provocar grandes prejuízos. Quando feitas nas redes sociais, facilmente se tornam como vírus, infestando rapidamente a sociedade. A verdade fica confusa e a pessoa não consegue viver a plenitude da liberdade, podendo até perder a capacidade de amar e de construir a paz.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba