Deus nos ama irmãos! Bela saudação utilizada por diversos grupos por aqui. Espero que todos estejam bem, gozando da graça divina neste final de mês (maio) do qual saudamos e veneramos a santa Mãe de Deus, mamã Auxiliadora.
Recebemos três missionárias de nossa Inspetoria mãe, Nossa Senhora Auxiliadora, na generosidade materna, são elas: Grasiela Siqueira, Nayane Borim, ambas de Americana, moram e trabalham na comunidade da qual eu faço parte, São José de Nazaré “Lixeira” e a lorenense Talita Janine que está do outro lado do pais, em Lwena. Obrigado mãe, pois seu auxilio é presente e concreto entre nós.
Quero partilhar duas realidades que vivemos nestes últimos meses por aqui. Uma não tão felicitária e outra muito rica de alegria, ambas muito intensas. São os óbitos e a Boscolândia.
Óbitos – Ontem ao esperar o comboio “trem”, escuto um grande lamento, muitas mamãs exclamando em alta voz “Ai meu Deus”! “Ai meu Deus”! Lamentavam pela morte de um ente querido, não estive presente neste óbito, mas estive em muitos outros. E uma passagem das escrituras sempre vem ao meu coração quando estou presente em um funeral angolano: “Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e um grande planto: É Raquel que chora os seus filhos e não quer ser consolada” (Mt 2,18). É muito forte e expressiva a despedida. Toda a família e amigos estão reunidos e após o enterro todos voltam à casa e uma grande refeição é oferecida, onde faz-se lembrança do falecido.
Passou por Angola, grande mortandade nestes dias que estão a passar, Febre Amarela e Paludismo (Malária), estão entre os que mais fazem vítimas. Como padre, tenho acompanhado de perto esta situação, minha síntese na faculdade de Teologia, foi exatamente sobre este tema. Estamos preparando um Seminário, na intenção de formar Ministros extraordinários das Exéquias para acompanhar melhor os defuntos e suas famílias.
Outro dia um jovem do grupo ADS “Amigos de Domingo Sávio” me perguntou, porque Deus tem levado tantos ADSs para o céu? Em muitos momentos me sinto tão pequeno, diante da realidade que a missão exige. A pouco fui celebrar as exéquias de um menino de 12 anos, ao terminar já me levaram pela mão a um segundo, uma menina de também 12 anos, neste não aguentei, ela fazia parte do grupo Laura Vicuña, “tão jovem, tão amiga e prestativa”, era testemunhada pelos outros membros do grupo e parentes da “miúda”, não aguentei terminar a oração, sem que as lagrimas chegassem ao rosto.
Outro dia ao chegar à comunidade, ficamos acertados que o melhor a fazer seria realizar uma celebração única, com os três corpos ali presentes, seus familiares, amigos e comunidade. Muita pobreza, falta de: saneamento básico, remédios, alimentação de qualidade e políticas públicas ineficientes não contribui para o que maravilhoso povo angolano tenha vida e vida em abundância. Graças a Deus estes dias estão passando e a situação está a se acalmar.
Boscolândia – Em maio tivemos por aqui duas semanas de pausa pedagógica, sem aulas e com as crianças em casa. Aproveitamos este momento para realizar a Boscolândia, foi uma experiência fantástica, surpreendente, pois nos preparamos para receber 400 crianças e fomos, dia após dia surpreendidos. 850, 1.100, 1.440 e no último dia 1.850 crianças deixaram o pátio de nosso colégio lindo e dinâmico.
Uma mistura de encanto e preocupação nos acompanhavam durante todo este período: o lanche, a assistência, as brincadeiras direcionadas que costumamos realizar neste tipo de atividade, pois cada “equipa” possuía mais de 100, 150 ou 200 crianças, fora substituída pela criatividade e dinamismo de um pequeno grupo de Animadores, que deram conta do recado e podemos viver dias festivos junto com as crianças e jovens, como deve ser o Pátio Salesiano.
Angola, filha do Velho Continente africano, renova-se em seus filhos que não são poucos, e trazem consigo uma forte mensagem de júbilo e desejo de viver, contrastando com as dificuldades cotidiana. É maravilhoso perceber como o simples toca o coração e a alegria estampada em seus rostos nos fortalece na missão e nos faz lembrar como é grande e bela a nossa família cristã, a nossa família salesiana, nossa família angolana.
Obrigado Senhor, obrigado Senhor!
Pe. William de Lima, sdb.