Estando de férias em Sussambrino na nova casa da sua família, João decide-se firmemente a continuar os seus estudos na cidade de Chieri. Mas não podia simplesmente pegar a estrada. Precisava de roupa, de calçado, de livros e de dinheiro para pagar a pensão mensal. As vinte liras que tinha ganhado no pau de sebo não iriam durar para sempre…
Foi quando João Bosco, pela primeira vez na sua vida, pediu esmolas. Disse à sua mãe:
– Se não se importa, pego dois sacos e vou fazer uma coleta entre as famílias da aldeia.
Era um sacrifício demasiadamente duro para o seu amor próprio. Se tornará um dos santos que mais pedirá esmolas no século XIX, mas isso nunca lhe foi fácil.
João passou em cada casa do distrito de Morialdo. Batia nas portas e dizia:
– Sou o filho de Margarida Bosco. Vou a Chieri estudar para padre. Minha mãe é pobre. Se puderem, me ajudem.
Não se tratava de um desconhecido batendo nas portas. Era Joãozinho Bosco, o menino conhecido por todos pelos seus jogos e pelas repetições que fazia do sermão do pároco. Todos o queriam bem. Mas infelizmente, poucos podiam ajudar João como gostariam, por também serem pobres como ele. Acabava ganhando ovos, milho e medidas de trigo destas pessoas.
Isso até uma senhora dos Becchi, que estava em Castelnuovo naqueles dias, procurar o pároco – Pe. Dassano – para lhe dizer que era uma vergonha não ajudar um rapaz tão excelente como João nos seus estudos, obrigando-o a pedir esmolas de casa em casa.
Pe. Dassano, na realidade, não sabia de nada. Achava que João iria voltar para Castelnuovo depois das suas férias, para retomar os estudos ali mesmo. Informando-se melhor, arrecadou uma certa quantia e a enviou para Margarida, junto com um recado: que fosse procurar uma senhora chamada Lúcia Matta, uma viúva que estava para mudar-se para Chieri e que poderia dar assistência a João.
Foi um ótimo conselho. A senhora aceitou que João morasse em sua casa com ela e com o seu filho. A pensão seria de 21 liras por mês, quantia que Margarida não podia pagar. Por isso, enviava parte do pagamento em farinha e vinho. Além disso, João se comprometeu a ajudar nos trabalhos da casa: carregar água, preparar lenhar para o fogo e para a estufa, estender a roupa, etc…
Enfim, para matricular-se na escola pública de Chieri, João precisaria de uma carta de recomendação do seu pároco, que atestasse seu bom comportamento. O pároco também se comprometeria a cuidar das férias do aluno e a comunicar qualquer má conduta. Pe. Dassano não teve dúvidas em conceder esta carta.
João chega a Chieri no dia 3 de novembro de 1831 depois de caminhar 18 quilômetros, desde Sussambrino.
Por motivos excepcionais não teremos o texto do Espaço Valdocco na próxima semana. Em dezembro retomamos falando mais sobre a cidade de Chieri e os primeiros dias de João nesta nova cidade.