Espaço Valdocco 53 – Transferência do Oratório para o Refúgio
06/11/2015Espaço Valdocco 55 – Magno ponto de interrogação sobre o Oratório
07/11/2015Na capela anexa ao edifício do Pequeno Hospital de Santa Filomena, o Oratório ia-se encaminhando muito bem. Nos domingos e dias santos acudiam muitos rapazes para confessar-se e comungar. Após a missa fazia-se breve explicação do Evangelho. Depois do meio-dia, catecismo, cantos sacros, breve instrução, ladainhas de Nossa Senhora e bênção. Nos intervalos, os jovens entretinham-se em agradável recreio com jogos diversos. Lá passaram sete meses e acreditaram haver encontrado o paraíso terrestre, quando se viram obrigados a abandonar o acolhedor abrigo e ir à procura de outro local.
A marquesa Barolo, embora visse com bons olhos qualquer obra de caridade, todavia, aproximando-se a hora de abrir seu Pequeno Hospital (abriu-se a 10 de agosto de 1845), decidiu que o Oratório saísse da capela. Fez-se um apelo insistente à prefeitura de Turim, e graças a uma recomendação do arcebispo Fransoni, Dom Bosco conseguiu que o Oratório se transladasse para a igreja de San Martino dei Molazzi, ou dos moinhos da cidade. A mudança ocorreu em julho de 1845.
Neste novo local as práticas religiosas faziam-se como no Refúgio, porém não se podia celebrar missa. Por conseguinte, não podia haver Comunhão, que era o elemento fundamental da instituição. O próprio recreio era bastante perturbado, paralisado, porque os meninos eram obrigados a brincar na rua e na pracinha frente à igreja, por onde passavam continuamente pedestres, carros, cavalos e carroças.
Moradores e trabalhadores da região, não podendo suportar os saltos, os cantos e por vezes a algazarra dos meninos, ficaram alarmados e de comum acordo fizeram queixa à prefeitura. Diziam, sem razão, que os meninos causavam muitos estragos na igreja e fora da igreja. Os males chegaram ao cúmulo quando de uma carta escrita ao prefeito de Turim, afirmava-se ser impossível às famílias desempenharem suas obrigações e gozarem de tranquilidade. Não obstante estar persuadido de que a informação carecia de fundamento, o prefeito manda transladar imediatamente o Oratório para outro local.
Como o prefeito e, de modo geral, a prefeitura estivessem convencidos da inconsistência de quanto se escrevia contra o Oratório, bastou um simples pedido, e a recomendação do arcebispo, para que o Oratório pudesse se reunir no pátio e na capela do Santíssimo Crucifixo, chamado vulgarmente São Pedro in vinculis.
Mas os problemas não terminaram aí, pois existia neste novo local uma terrível inimiga: a criada do capelão. Nem bem começou a ouvir os cantos, as vozes e as algazarras dos alunos, saiu furiosa para fora de casa. Quando, ao entardecer, o capelão chegou, a boa criada pôs-se ao lado dele, e chamando Dom Bosco e seus meninos de revolucionários, profanadores dos lugares santos e coisas piores, obrigou-o a escrever uma carta à prefeitura. A carta foi feita com tamanha dureza que imediatamente foi dada ordem de prisão a qualquer menino que ali aparecesse.
ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio