Espaço Valdocco 55 – Magno ponto de interrogação sobre o Oratório
07/11/2015Festa de Dedicação da Basílica de Latrão
08/11/2015No dia-a-dia do Oratório, era impossível descrever o entusiasmo que os passeios organizados por Dom Bosco despertavam nos rapazes. Contentes com a mistura de devoções, brinquedos e passeios, afeiçoavam-se tanto a ele, que lhe obedeciam fielmente às suas ordens. Um dia, ao ver que com um simples gesto da mão Dom Bosco impunha silêncio a cerca de 400 jovens que pulavam e faziam algazarra no prado, um guarda pôs-se a exclamar: “Se esse padre fosse um general, poderia combater contra o mais poderoso exército do mundo.”
De fato, a obediência e o afeto dos seus meninos beirava o exagero. Isso, por outro lado, concorreu para renovar os comentários de que Dom Bosco podia a qualquer momento desencadear uma revolução com seus rapazes. Essa afirmação ridícula mereceu crédito entre as autoridades locais e especialmente do marquês Cavour, que era então vigário da cidade, o que equivalia a chefe do poder urbano.
O marquês mandou chamar Dom Bosco ao palácio municipal e depois de muito discorrer sobre as intrigas que circulavam a seu respeito, concluiu: “Meu bom padre, aceite o meu conselho: não se meta com esses canalhas. Eles só causarão aborrecimentos ao senhor e às autoridades públicas. Garantiram-me que essas reuniões são perigosas, e por isso não posso tolerá-las.”
Respondeu Dom Bosco: Não tenho outro objetivo, senhor marquês, que não o de melhorar a sorte desses pobres filhos do povo. Não peço recursos financeiros, mas somente um lugar onde recolhê-los. Espero desse modo diminuir o número dos desordeiros e dos que vão parar na cadeia.
Engana-se, meu bom padre – disse o marquês. O senhor se cansa inutilmente. Não posso arranjar-lhe nenhum lugar, pois essas reuniões são perigosas. Repito que não posso permitir essas concentrações.
Dom Bosco retrucou: Os resultados alcançados, senhor marquês, dão-me a certeza de que não estou trabalhando em vão. Muitos rapazes totalmente abandonados foram recolhidos, libertados dos perigos, encaminhados a algum ofício e não foram parar na cadeia. Não me faltaram até agora os meios materiais; eles estão nas mãos de Deus. Não é por mim, senhor marquês, mas pelo bem de tantos rapazes abandonados, que talvez teriam um triste fim.
Cale-se – disse o marquês. Não estou aqui para discutir. Trata-se de uma desordem, e eu quero e devo impedi-la. Não sabe que qualquer reunião é proibida, caso não haja legítima licença?
Minhas reuniões não têm escopo político, respondeu Dom Bosco. Eu ensino o catecismo a meninos pobres e o faço com a licença do arcebispo. Acredito, senhor marquês, que não quer proibir-me de dar catecismo com a autorização do meu arcebispo.
Concluindo o encontro, disse o marquês: Pode ir; falarei com o arcebispo. Mas depois não se mantenha obstinado ante qualquer ordem do arcebispo, porque me obrigaria a medidas severas de que não quero lançar mão.
ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio