Com relíquia São João Paulo II cuidará da Jornada Mundial da Juventude 2019
22/11/2017Concerto de Natal no Vaticano beneficiará crianças do Congo e Argentina
22/11/2017A sociedade, as Igrejas e as instituições como um todo estão vivendo uma profunda mudança de época com transformações rápidas e radicais que atingem a cultura dos povos. Até poucas décadas atrás uma geração era definida pelo tempo e pela generatividade: num século contavam-se quatro gerações, uma a cada 25 anos. Hoje uma geração é definida a partir da mentalidade, da influência exercida pela cultura sobre os indivíduos e as massas e das tendências sociais sobre o comportamento humano. Calcula-se que a cada cinco anos haja uma profunda mudança e que uma geração hoje não passe desse período cronológico.
Outros fatores sociais, entre os quais a necessidade de segurança, tendem a fixar as pessoas em idéias ou tendências ideológicas blindadas em si mesmas, deixando assim de favorecer o diálogo entre as gerações ou entre grupos e promovendo o fundamentalismo em todas as suas vertentes.
Assistimos desse modo a confrontos acirrados não só de idéias, mas de pessoas ou de grupos que querem a todo custo impor a sua visão de mundo, de religião, de Igreja e de sociedade sobre os outros, sem considerar a primazia da liberdade e da pessoa humana sobre qualquer sistema e ideologia.
O confronto entre as gerações, assim como entre grupos ideológica ou religiosamente definidos, não pode ter como finalidade a subjugação, ou pior ainda, a eliminação do outro, mas a integração do positivo que há no outro. Não é correto pensar: “Ou eu ou o nada! Ou o meu grupo ou o deserto!”. Dessa forma a humanidade está fadada ao suicídio cultural, moral e social!
Portanto é de se evitar radicalmente toda forma de fundamentalismo, toda postura de ódio contra quem não pensa e age como eu e o meu grupo. As considerações feitas até aqui atingem a convivência humana dentro de uma visão equilibrada.
Se nós partirmos de uma visão cristã, bem mais exigente e sublime será o comportamento e se tornarão as atitudes: o cristianismo surgiu plural, não monolítico. O próprio Cristo não se deixou engaiolar na mentalidade excludente dos poderosos e mestres do seu tempo: deixou as pessoas livres, sem com isso condená-las. Teve comportamentos diferenciados de acordo com a situação de vida da cada pessoa e a resposta gradual que ela podia dar. Deu bronca aos discípulos que queriam atear fogo nos samaritanos que não o tinham aceito em suas cidades. Não quis impedir que uma pessoa usasse o seu nome para operar o bem, embora não fazendo parte do grupo dos seus seguidores, afirmando: “Quem não está contra nós está a nosso favor!”. E diante dos inimigos apelou para o amor: “Amai os vossos inimigos! Fazei o bem a quem vos persegue!”. Foi assim que Jesus e seus seguidores conquistaram as pessoas de todas as culturas e dentre todos os povos, pois o amor tudo vence!
A atitude que se nos impõe é a atitude do diálogo! Por ele escuta-se e fala-se, valoriza-se a pessoa antes de suas idéias, instaura-se o vai e vem do positivo que existe em todos, não prevalece o resultado e as vantagens das tratativas, mas a paciente espera da maturidade de cada um. O diálogo é o caminho de Deus com a humanidade: deve ser o nosso caminho para o encontro fecundo com o outro!
Por Dom Francisco Biasin – Bispo de Volta Redonda (RJ)