Santo Adriano da Cantuária
09/01/2018Igreja no Brasil anuncia solenidades móveis do ano
09/01/2018A primeira fase do ministério de Jesus, na Galileia, foi um sucesso. Logo que expulsou aquele demônio, na Sinagoga de Cafarnaum, sua fama se espalhou por toda a região. São lugares muito próximos de onde o Senhor fez o Sermão das Bem-Aventuranças, multiplicou os pães, promoveu uma pesca milagrosa, chamou os apóstolos, fez curas, sinais e prodígios. Ele tinha muita fama e muitos fãs. Mas, sua mensagem e missão não resumiam-se em resolver os problemas do “aqui e agora”.
Logo, Cristo percebeu que o Reino de Deus não poderia ser instaurado com admiradores. O fã, no fundo, é um fanático! Eles não queriam um Messias divino. Queriam apenas um ídolo humano que resolvesse os problemas econômicos, sociais e políticos daquela região. Jesus tinha uma missão maior que incluía a cruz, o amor, a doação, a salvação do mundo inteiro. Para isso, Ele não escolheu fãs, escolheu seguidores, discípulos.
Quem realmente seguiu Jesus?
Quando Suas palavras começaram a falar de cruz ao invés de luz; de pão da vida ao invés de pão da terra; os fãs foram embora. Ele reuniu seu grupo mais íntimo de amigos, os discípulos, e disse: “Vocês também querem ir embora?”. Pedro tomou a palavra e disse: “A quem iríamos nós, se só Tu tens palavras de vida eterna?”. Acertou em cheio. O verdadeiro discípulo é aquele que vê “para além do horizonte” as palavras de vida eterna, aquelas que Jesus trouxe. Onde estavam os fãs na hora da cruz? Eles desaparecem depois do “show”. Querem somente consumir seus ídolos.
Hoje, infelizmente, também há muitos fãs de padre, de bandas católicas e até de Jesus. São um pouco violentos. Exigem um milagre, um sucesso. São egoístas. Não são discípulos; são agressivos. Preferem um show do que uma missa, um autógrafo a uma confissão. Esses não chegarão aos pés da cruz. Fãs param no caminho, arranham seus ídolos, gritam histericamente, transformam religião em espetáculo, ou em entretenimento. Fãs são violentos e discípulos são serenos. Fãs não perdoam, discípulos sim.
O fã ouve seu mestre, mas não o escuta. Ele parece hipnotizado por seu ídolo. Fã só pode ser fã se não pensar. Se começar a raciocinar já caminha na direção do discipulado, ou vai embora, frustrado. Se você é fã de um padre, cuidado! Jesus não precisa de fãs, precisa de discípulos!
Por Padre Joãozinho, SCJ