Papa no cárcere de Regina Caeli: toda pena deve ser aberta à esperança
29/03/2018Nosso pároco fala sobre a Sexta-feira Santa na Rádio Brasil
30/03/2018A injustiça da condenação de um inocente foi paga com a justiça do perdão e da misericórdia de Jesus. Do alto da cruz Ele pediu o perdão ao Pai pelos algozes, representantes de toda a humanidade pecadora. Sua ressurreição mostra a vida vencendo a morte. A fé no Salvador não pode ficar embutida na religião voltada só para o intimismo de cada um e confinada nas paredes das comunidades religiosas. A repercussão da Páscoa do Senhor é de efeito para toda a humanidade de todos os tempos. A superação da morte do Filho de Deus mostra sua divindade. Seus apóstolos foram encarregados de anunciar a todos quem Ele é o que veio fazer entre nós. Quem tem a cegueira de não O aceitar perde a razão de ser da vida. Afinal, todos morrem. Com a fé nele, seguindo seus ensinamentos, toda pessoa tem a certeza também da própria ressurreição prometida por Ele.
A superação das agressões à vida em nossa realidade só serão superadas quando o ser humano se converter para pagar o mal com o bem. Jesus poderia aniquilar seus agressores. Mas Ele foi coerente com seus ensinamentos de paz, solidariedade, perdão e colaboração com o semelhante, mesmo com os inimigos. Todo tipo de violência só será superado com o amor, a compaixão e o entendimento. A formação para a superação da violência começa desde o berço, em que se forma a pessoa humana para a convivência na harmonia, na compreensão do outro e na colaboração para um relacionamento no respeito e tolerância. A fé não pode ser simplesmente passiva, mas atuante, em que cada um toma a iniciativa de compreensão e aceitação das diferenças na convivência familiar, comunitária e social.
A Páscoa de Jesus nos prova que a vida vence a morte e todos os seus mecanismos. Mas é preciso fazer como o Divino Mestre: em tudo se deve pensar e agir em proveito do outro, mesmo se isso exigir doação e sacrifício de si. Quem é rico material, cultural, social e religiosamente deve ser solidário em contribuir com a própria riqueza para só fazer o bem ao próximo, principalmente aos que são violentados em seus direitos humanos e cidadãos. Para isso, como lembra Paulo, é preciso jogar para fora de si o lixo do egoísmo, do “fermento velho, para que sejais massa nova” (1 Coríntios 5,7). Isso só se faz vivendo com o exemplo e o sentido dado por Aquele que ressuscitou de entre os mortos. Assim a pessoa sai de seu túmulo egoísta para viver ressuscitada como Cristo. Então ela se torna superadora de toda violência em relação ao semelhante. Teremos mais justiça e paz na terra!
Com a ressurreição de Jesus abre-se a grande esperança para a humanidade. Apesar de tantos males, é possível ter confiança na mudança. Esta começa com cada pessoa que procura dar de si para a transformação da família, da política e toda atividade humana. Não podemos ficar parados esperando por outros messias. O verdadeiro já veio e nos provou que é possível fazer um mundo novo, em que reine a base de sustentação da vida digna para todos. Basta seguir sua pessoa e seus ensinamentos. O amor autêntico é capaz de transformar tudo.
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)