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20/07/2018
Vivemos em ambientes onde a todo momento evidencia-se o discurso da crise. O casamento está em crise. O cenário político está em crise. Enfim, as instituições estão em crise. E todas essas realidades permeadas pelo drama da crise escondem um questionamento buscado por todos: “Qual é o caminho da felicidade?”. A Igreja sempre conservou o entendimento de que a felicidade é um caminho que deve ser trilhado nos passos da estrada de Jesus, isto é: tornar-se seu discípulo. Encontra o caminho da vida, da felicidade, quem segue o Filho de Deus.
A pergunta fundamental do caminho da felicidade nem sempre consegue ser respondida por todas as pessoas, às vezes temos grandes dificuldades na vida que nos impedem de abraçar o caminho de felicidade proposto pelo Evangelho de Jesus. Contudo, o Senhor veio para “evangelizar os pobres” (Lc 4, 18), veio para nos dar a felicidade, para nos tirar da indigência das mentiras e das ideologias, que falsamente prometem uma vida feliz construída sobre a areia (Mt 7, 26).
A Igreja tem a missão de proporcionar aos seus filhos uma espiritualidade segura que os leve à superação de suas crises, sejam elas quais forem. Sabemos que o verdadeiro problema do nosso tempo é a “crise da ausência de Deus”, como reiteradamente nos afirma o Papa Emérito Bento XVI, e não podemos camuflar essa ausência com métodos de uma religiosidade vazia e sentimentalista. A espiritualidade dos que buscam realmente a felicidade no caminho de Jesus mostra-se no jeito de ser do grão de trigo (Jo 12, 24); o sucesso de uma vida feliz, tão reclamada pelo homem da modernidade, só será possível mediante a troca de prioridades: tirar o homem do centro e “recolocar” Deus em seu lugar.
A raiz de todas as crises vividas na contemporaneidade encontra-se no antropocentrismo – o homem no centro. E esse homem não aceita o caminho do grão de trigo, não aceita morrer. Para os cristãos, a fecundidade do caminho de felicidade está intimamente relacionada com a capacidade de sofrimento; o homem é verdadeiramente feliz quando faz comunhão com o Cristo Crucificado, verdadeiro Homem que ressuscitou: “Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja (Cl 1, 24).
Por Dom Manoel Delson – Arcebispo da Paraíba