Exemplo de unidade episcopal unida no pastoreio edifica Igreja, diz Papa aos bispos chilenos
07/08/2018Bispo alerta para falsas estatísticas em relação ao aborto
07/08/2018
Como os pais podem colaborar na formação dos filhos, para que se tornem homens e mulheres compromissados com a fidelidade, a honestidade e a justiça?
A fidelidade é uma escolha e uma atitude que serve muito mais para quem a exerce do que para quem é presenteado por ela. Fidelidade é uma virtude, ou seja, ela passa, primeiramente, pela escolha em ser e, depois, pela repetição de atos de fidelidade, até que não a fazer se torna inadmissível. Da mesma forma, a infidelidade é uma escolha e uma atitude que servirá muito mais para quem a exerce do que para quem é penalizado ao recebê-la. É um vício, ou seja, escolhe-se praticá-la e, pela repetição de atos infiéis, ela se torna quase que maior que a pessoa que a comete, e assim começa a dominar a pessoa.
Exemplo de pais
Escolhi ser fiel, pois vi o resultado da fidelidade na vida dos meus pais. Fidelidade esta que não é fácil de ser vivida, mas que nos integra, fazendo-nos pessoas melhores, mais filhos de Deus, pois é na fidelidade ao outro que seremos fiéis a Deus e ao Seu projeto de vida para nós.
Aprendi a escolher ser fiel vendo o meu pai, que exercia essa atitude não somente com a minha mãe, mas também com todas as mulheres que estavam ao seu redor: suas irmãs, suas amigas etc. Essa fidelidade do meu pai não era apenas de respeito ou de não ter segundas intenções, mas sim uma verdadeira convivência sadia. Durante minha infância e juventude, enquanto eu ainda morava com meus pais, várias pessoas passaram pela nossa casa, dentre elas muitas mulheres, como minhas primas, tias, tias da minha mãe, minha própria avó materna, que morou conosco por algum tempo, e muitas outras. E o que eu via era uma sadia convivência do meu pai com todas elas. Se por algum tempo da minha vida fui machista, não respeitei as mulheres e fui cafajeste, com certeza, não aprendi em casa, pois o que eu aprendi dentro do meu lar foi a fidelidade e o respeito, por isso, hoje, escolho isso para minha vida.
Cada homem só será integrado no seu corpo, alma e espírito quando souber que a mulher é fundamental para essa integração. E cada mulher só será integrada no seu corpo, alma e espírito quando souber que o homem é fundamental para essa integração. Mas, infelizmente, hoje, somos resultado de uma enxurrada de ideologias passadas e presentes.
Por isso devemos aprender e escolher ser fiel, pois entendi com meu pai e com minha comunidade que, para ser um homem por inteiro, é preciso trilhar o caminho da fidelidade.
A honestidade e a justiça
Outro ponto importante é que, além de sermos fiéis, também precisamos escolher ser honesto, mesmo aos trancos e barrancos, como se dizem por aí, porque as sementinhas plantadas pelos exemplos do meu pai estiveram e estão presentes no meu coração. E, também, porque, com minhas experiências vividas, pude constatar que correto era o Seu Ribamar, que, tenho certeza, nunca deitou no seu travesseiro com peso na consciência por ter sido desonesto, que sempre agiu com honestidade e, por isso, sempre foi livre para falar com todos, para agir da mesma maneira onde quer que estivesse, que não levou para seu caixão a marca da corrupção, nem do “jeitinho brasileiro”, mas a certeza de ter deixado um grande legado de honestidade não somente para nós, seus familiares, mas para todos que o conheceram.
Escolhi ser honesto não para tentar mudar o mundo ou o nosso Brasil, pois esse é um discurso político barato, mas porque diz de mim, diz de nós e da nossa natureza. Ser honesto é ser capaz de viver no mundo decaído e dizer: sou de Deus e de ninguém mais.
A honestidade é boa para cada um de nós e precisa ter bases profundas, fortes e duradouras. Com ela, gera-se uma sociedade melhor, pois, primeiramente, não são criados vícios, mas virtudes. E é em uma sociedade virtuosa que são gerados bons cidadãos.
Ser honesto é uma escolha, e precisamos aprender a escolher pela honestidade se quisermos deixar para as futuras gerações um mundo melhor. Eu tive os dois exemplos: da honestidade e da desonestidade. Se hoje escolho ser honesto, é porque vi um homem de caráter e honestidade dando-me exemplos claros de que o crime nunca compensa, que não existe crime perfeito, e que ser honesto é saber honrar os dons que o Criador nos deu.
Ser justo também é uma escolha, e hoje escolho ser justo por ver meu pai, um homem justo e honesto, ser capaz de dar ao outro não aquilo que ele merecia, mas aquilo de que ele necessitava.
Se nós não fortalecermos as escolhas feitas, as escolhas que não fazemos é a que vai se fortalecer dentro de nós. Por isso, pais, aprendam a passar para seus filhos que é possível, sim, ser fiel, honesto e justo. Para ensiná-los é preciso criar neles que eles podem aprender a escolher.
Por Padre Anderson Marçal, via Canção Nova