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21/12/2018
O Natal nos possibilita viver o acontecimento descrito pelo evangelista Lucas: “Completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,6-7). O nascimento de Jesus parecia fazer parte apenas de uma estatística, ainda mais que, como descreve Lucas, aconteceu em meio a um recenseamento oficial, ordenado pelo imperador romano César Augusto. Para muitos, seria um nascimento a mais. O que tinha de diferente eram as circunstâncias: não acontecia em uma casa, mas numa gruta, ordinariamente reservada para abrigo de animais.
Certamente, nem os moradores de Belém nem os que eram da família de Davi e estavam chegando à cidade por serem seus descendentes poderiam imaginar que naquela noite, ali, perto deles, estavam se cumprindo as palavras do profeta Isaías, muitas vezes lidas e meditadas pelo povo de Israel: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz… Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho” (Is 9,1.5).
Ninguém em Belém poderia pensar que exatamente naquela noite as palavras de Isaías, escritas cerca de 720 anos antes, estavam se concretizando. Quem por primeiro viu a luz do Natal foram os pastores, que pernoitavam nos campos, guardando seus rebanhos durante a noite. Os pastores eram filhos daquele povo que andava na escuridão e, ao mesmo tempo, foram os representantes escolhidos para aquele momento, escolhidos para ver a grande luz. Foi o que escreveu Lucas: “Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo” (Lc 2,9).
No meio daquela luz, que vinha de Deus, e em resposta a seu medo, que é a resposta dos corações simples diante da experiência da luz divina, surgiu a voz: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria… Hoje,na cidade de Davi, nasceu para nós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11). Essas palavras devem ter feito surgir uma grande alegria no coração daqueles homens simples, conhecedores, como todo o Povo de Israel, da grande promessa: um dia viria o Messias. Esse Messias estava agora sendo anunciado; ele vinha trazer “uma grande alegria… para todo o povo”. Para ver a manifestação da glória divina, os pastores eram convidados a ir à gruta e ver o sinal: “um recém-nascido envolto em faixas e deitando numa manjedoura” (Lc 2,12). Eles foram as primeiras testemunhas dessa grande manifestação do amor de Deus; eles nos precederam; eles, pessoas simples e pobres.
Hoje somos gratos aos pastores. Através deles, conhecemos a letra do cântico dos anjos: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14). Que consolo, essas palavras! Os anjos não disseram que Deus ama somente os santos, os perfeitos, os que não têm pecados. Todos nós somos amados por Deus; cada um de nós! Deus nos ama porque vê em nós a Sua imagem; Ele olha para nós e nos vê semelhantes a Ele próprio. Nesse olhar de complacência, de amor, o Pai nos dá Seu Filho Jesus.
Diante desse amor de Deus por nós, qual deverá ser a nossa resposta? Prostremo-nos diante do Filho de Deus. Associemo-nos a Maria e a José, aos pastores de Belém e aos magos do Oriente, que o adoraram. Então, com a simplicidade dos pastores, coloquemos a seus pés nossas alegrias e preocupações, nossas lágrimas e esperanças.
Haverá melhor maneira de celebrarmos o Natal de 2018?…
Por Dom Murilo S.R. Krieger, scj – Arcebispo de São Salvador da Bahia – Primaz do Brasil, via CNBB