57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil
29/04/2019Conclusão da 5º turma sobre Salesianidade
29/04/2019
“Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. Ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los” (Mc 1,29-31).
“Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” (Misericordiae Vultus, 1). Muitos se aproximam d’Ele em busca de vida. Com palavras e gestos, Cristo devolvia o coração atribulado à vida em plenitude. Nenhum mal persistia diante da autoridade da Palavra que emanava de seus lábios. A misericórdia do Senhor revela em gestos concretos o amor do Pai. Um olhar, uma palavra, um gesto, um sorriso, um toque podia restabelecer a dignidade que outrora havia sido furtada pelas mazelas da vida.
Cristo tem, diante de si, a sogra de Simão, que estava acamada e com febre. O sofrimento da doença havia alcançado a vida daquela senhora. O coração de Jesus não se fez surdo ao ouvir o que lhe fora contado. Jesus revela, neste acontecimento, a misericórdia em três gestos de amor: aproximar, tocar e levantar. Tais gestos são terapêuticos e revelam a misericórdia de Deus no Filho pela ação do Espírito Santo.
Aproximar
Jesus se aproxima da sogra de Simão. Não tem medo do ser humano, mas quer estar junto, caminhar com todos, ser presença. O aproximar-se de Jesus indica que deseja estabelecer relação e fazer do encontro uma oportunidade única para exercer a misericórdia de modo pleno e transformador. Sempre se aproxima de quem sofre, dos enfermos do corpo e da alma, para adentar nos recônditos da alma e recuperar a saúde integral de toda pessoa.
Muitos também desejam que nos aproximemos deles. No exemplo de Jesus Cristo, encontramos uma proposta espiritual para vivermos bem o Ano Santo da Misericórdia. Quem precisa de nossa proximidade? Onde se encontram as pessoas das quais precisamos nos aproximar? Como podemos superar as barreiras que nos impedem de dar o primeiro passo para que o encontro aconteça?
Tocar
O aproximar gera o toque. Jesus não se contenta somente em estar próximo, é preciso colocar o dedo nas feridas da alma, é necessário tocar as chagas dos sofredores e curar as dores da alma e do corpo. Todo encontro gera vida. Com Jesus, a vida é gerada na plenitude do Espírito. Ele não tem medo da impureza que as leis decretavam. Na pauta do Seu amor, está como prioridade os gestos de misericórdia que inauguram na vida dos sofredores e desamparados o alvorecer de um novo tempo.
Seu toque está impregnado da misericórdia do Pai. Ao tocar a alma e as chagas do corpo, o próprio Pai está ali no Filho e na unidade do Espírito Santo. A Trindade cura no amor as feridas do mal. Quando olhamos para nossa realidade, quais são os destinatários de nosso toque amoroso? Quando nos aproximamos de alguém, como tocamos a história de cada pessoa? Nosso aproximar-se das pessoas gera toques de vida, carinho e misericórdia ou aumenta ainda mais o fluxo de dor e sofrimento daqueles que já carregam, na vida, o fardo pesado das feridas ainda não cicatrizadas?
Levantar
Aproximando-se do sofrimento humano, Jesus toca as feridas do corpo e da alma, e levanta os que se encontram caídos ao longo do caminho da vida. A misericórdia do Senhor coloca em pé os caídos e restabelece a dignidade furtada. O toque restaurador do Senhor anima os de coração sofrido a estarem novamente de prontidão como sentinelas de um novo tempo inaugurado no amor divino. Muitos se encontram caídos à margem do caminho. Suplicam por gestos de misericórdia que lhes devolva a vida em plenitude.
Somos nós os continuadores das obras do Senhor. O Reino de Deus continua a ser construído em cada gesto de amor que nos aproxima daqueles que sofrem. O aproximar-se das mazelas humanas leva-nos a tocar as feridas da vida com a delicadeza da misericórdia do Pai. Uma vez tocados pelo amor, todos se sentem animados a levantar-se e continuar sua caminhada de fé. A misericórdia produz vida e levanta os de coração caído.
Aproximar, tocar e levantar. Quem são, hoje, os destinatários desses gestos terapêuticos de misericórdia? Como podemos viver esse ensinamento no nosso dia a dia?
Por Padre Flávio Sobreiro, via Canção Nova