Você sabe a importância da dignidade da pessoa humana?
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20/05/2019
Tudo começou assim: recebi um e-mail de uma jovem pedindo-me ajuda, pois precisava falar a um grupo a respeito da missão que assumimos neste mundo, e não sabia por onde começar. Foi interessante, porque era justamente sobre isso que eu havia refletido durante o “estudo da Palavra” naquela manhã. A partir do Evangelho de João 7, respondi-lhe, com base em minha reflexão, mais ou menos o que partilho aqui.
Podemos partir do princípio de que somos filhos amados de Deus, criados por Ele, com amor e para amar. Digo, inclusive, para você que tem uma história difícil e sabe, por exemplo, que não foi esperado por seus pais; também nesse caso, a afirmativa não muda: Deus o quis! Por isso foi além da razão e dos planos humanos, e o criou por amor. Consideremos ainda que, ao nos criar, o Senhor imprimiu em nosso ser o desejo de amar e ser amados, porque Deus é amor e nos fez à Sua imagem e semelhança. Fazer essa descoberta fundamenta a nossa fé e dá mais sentido à nossa existência.
Jesus Cristo, o Homem mais famoso da história, impressionava multidões com Seus discursos e Suas obras, porque Ele sabia que era amado pelo Pai. Sabia de onde veio, qual Sua missão neste mundo e para onde iria.
A nossa primeira missão é amar
Portanto, creio que, como cristãos, uma de nossas prioridades, antes de pensar em realizar uma determinada missão, é descobrir quem somos diante de Deus, de onde viemos e para onde vamos. Com essa experiência, certamente, vamos perceber também que amar é nossa missão primeira aqui na Terra.
Missão que pode ser expressa de várias maneiras, seja nos papéis que assumimos, seja nos relacionamentos que temos e em tudo mais que a Divina Providência nos permitir viver. No entanto, a essência do chamado não muda: Deus nos criou para amar.
Por isso, vai aqui uma dica: se hoje você percebe a necessidade de assumir uma missão, seja ela qual for, procure antes refletir sobre quem é você. Volte às suas origens, acolha sua história, por mais difícil que esta seja e reconcilie-se com ela. Sua história é seu alicerce. Lembre-se de que, na raiz da sua criação, está a iniciativa amorosa de Deus. Procure também rever sua vida hoje, analise suas atitudes, seus relacionamentos e suas escolhas, sempre considerando que Deus o criou para o amor. Reflita ainda a respeito das suas metas para o futuro, seus sonhos e ideais, lembrando que, neste mundo, tudo é passageiro, e o que conta no final é o que somos e não o que fizemos.
Aliás, corremos o sério risco de passar a vida fazendo coisas e nos esquecendo de sermos pessoas; e o que nos leva, muitas vezes, a isso é justamente o acúmulo de atividades que assumimos, algumas até desnecessárias. Assim, naturalmente, lidamos com a pressa e a falta de tempo para quase tudo, inclusive para nos relacionarmos com nós mesmos, o que é fundamental para uma vida sadia.
Construa obras de amor
Por incrível que pareça, em nossos dias, ter uma agenda preenchida virou status. É como se isso fosse garantia de utilidade no planeta. Mas Deus nos desafia a irmos além. O cristão precisa ter consciência de que não vale pelo que faz, mas sim pelo que é. Se para expressar o amor de Deus às criaturas, ele realiza obras neste mundo, ótimo. Conhecemos inúmeros testemunhos de pessoas que se tornaram imortais por seus benefícios expressos em obras. Mas pode observar que as obras consideradas imortais geralmente têm como base o amor.
Recordo-me, por exemplo, de Santa Teresa de Lisieux, ela não realizou grandes feitos aos olhos humanos nem edificou monumentos, tampouco tinha a agenda “lotada”. Viveu na clausura do Carmelo e morreu com apenas 24 anos. No entanto, foi eleita a Padroeira das Missões, doutora da Igreja e influencia, até hoje, a vida de inúmeras pessoas. Sabe por quê? Porque ela, desde cedo, fez a experiência do amor de Deus, e assim descobriu sua missão. Sabia de onde veio, porque estava aqui na Terra, e para onde iria. Ela mesma nos conta, em sua autobiografia, que desejava fazer muitas coisas por amor a Jesus, neste mundo, mas teve a graça de descobrir o essencial. “Percebi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça a todos os tempos e lugares; numa palavra, o amor é eterno. Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo”.
Quem dera cada um de nós também possa fazer essa experiência e, assim, encontrar o rumo certo para nossa missão como peregrinos aqui na Terra. Já que fomos criados por amor e para amar, procuremos amar concretamente hoje. Como? Deus mesmo nos mostrará.
Por Dijanira Silva, via Canção Nova