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07/06/2019
Muitas vezes, o zelo pela casa do Senhor nos consome de tal forma, que embaraça nossa mente e nosso olhar. Este, por mais fito que esteja em Deus, corre o grande risco de desviar-se e parar fixamente em Suas obras. Se isso acontecer, está diante de nós a porta aberta para a perdição.
Escolher Deus e não Suas obras é, sem dúvida, uma bela opção, porém difícil de ser executada
O Cardeal Van Thuan partilha sua dolorosa, porém enriquecedora experiência vivida na prisão em Hanoi (Vietnã Norte), quando lá esteve preso pelo Regime Comunista. Ele compreendeu, na dor e no desprezo, que, por melhor que fosse sua intenção em realizar grandes obras para Deus, naquele momento, elas não eram o mais importante. Deus queria, na verdade, realizar uma obra em seu interior. Era preciso render-se, abrir mão de sua reta intenção e calar, deixar Deus agir. Era preciso encarar a realidade, escolher Deus e não Suas obras!
Optar por Deus
Ele mesmo descreve sua opção no livro ‘Cinco pães e dois peixes’: “Numa noite, das profundezas de meu coração, senti uma voz que sugeria: Por que te atormentas assim? Deves distinguir entre Deus e as obras de Deus. Tudo o que realizastes e desejas continuar a fazer… tudo isso é um trabalho excelente, são obras de Deus, mas não são Deus! Escolheste somente Deus e não suas Obras!”
Segundo ele, após essa inspiração, sua alma retornou à paz, mesmo em meio aos maus tratos e sofrimentos próprios da prisão, que durou mais de nove anos.
Às vezes, é muito doloroso deixar inacabadas, por exemplo, atividades que iniciamos com tanto entusiasmo: missões de alto nível, reduzidas em atividades menores; projetos belíssimos abordados ainda em gestação. Poderia citar tantos outros desafios assim.
É natural, nesse caso, o sentimento de perturbação e desânimo, mas aí o Senhor mesmo nos pergunta: “Chamei-te para seguir-me ou para seguir tua iniciativa, teu sonho, teus ideais, ou ainda, esta ou aquela pessoa?”.
Deus tem o controle de tudo
Se formos coerentes e lembrarmos do nosso primeiro chamado, do ‘sim’ que mudou a nossa história, retomaremos o ânimo e daremos, com a vida, nossa resposta: Escolho Deus! Abro mão de Suas obras se for preciso!
Devemos sempre lembrar que Deus tem o controle de todas as coisas em nossa vida. Se Ele nos fala para abandonarmos esta ou aquela obra, não devemos retê-las; antes, coloquemo-nas em Suas mãos, com confiança, pois Deus sabe o que é melhor para nós, seus filhos. E mais, como Deus, Ele pode fazer muito melhor que nós. Seja o que for! Ele pode confiar nossos projetos a outros, que o desenvolverão ainda melhor que nós.
Quando ajo assim, com total confiança e abandono, sinto que minha fé é provada.
Hoje posso dizer: “Escolho a Ti, Senhor, e não as Tuas obras! Atraída por Tuas obras, um dia te descobri; hoje, consciente de Tua grandeza e da brevidade de Tuas obras, escolho a Ti. Que eu seja fiel até o fim!”.
Por Dijanira Silva, via Canção Nova