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09/09/2019
O mundo tem vivenciado uma mudança profunda no conceito de família, provocando consequências e conflitos entres os seus membros. A sociedade luta contra o modelo da família cristã, que está embasada na família perfeita de Nazaré, mas reconhece a importância de uma família estruturada para o desenvolvimento saudável dos filhos e, consequentemente, na educação para uma vida política e social equilibrada.
O primeiro desafio que as famílias vivenciam é a falta de preparo emocional para enfrentar todas essas modificações, principalmente o desafio do trabalho, que provocou mudanças no modelo educacional. O trabalho, muitas vezes, diminui o tempo de convivência familiar, e a escola ocupa uma posição que, sozinha, não consegue realizar plenamente a educação pedagógica e emocional dos alunos. O fato de os pais chegarem cansados em casa também facilita a entrada e uso indiscriminado dos meios tecnológicos, que interferem na qualidade das relações familiares.
Outro fato importante, com a onda de desemprego no Brasil, é que o modelo de mãe cuidadora dos filhos e pai provedor foi alterado. Diante de todos esses desafios, surgem gritos silenciosos de filhos com ideias suicidas e sentimentos de inadequação diante dessa realidade. Para uma sociedade ávida por mudanças, muitas vezes, as pessoas se esquecem de que a família é a base de futuros cidadãos. É preciso perguntar que tipo de pessoas teremos amanhã no comando de escolas, igrejas e empresas. Quando chegam em casa, são tantas atividades, que a pessoa não consegue ter um tempo para si e também não têm tempo para curtir a vida conjugal. O que sobra do tempo é oferecido aos filhos. Essas atitudes acabam gerando sentimentos de culpa, que são aliviados com presentes e compras, que provocam desamor, raiva e vulnerabilidade dos filhos com pessoas estranhas.
O modelo de família que a mídia prega
Por isso, a Psicologia e a Igreja nos convidam a ter um olhar sobre a liderança dos pais, que antes moldavam o comportamento dos seus. Hoje, sozinhos, os filhos vão buscando modelos que envolvem o mundo da droga e da violência. Os relacionamentos conjugais conflituosos trazem separações e perdas da autoridade paterna e materna, criando vácuos que carregaram por toda a vida, inclusive na constituição de suas famílias.
A individualidade e a cultura do prazer têm provocado um descaminho, gerando pessoas sem afetividade ou desejo de compartilhar, por isso, vemos famílias cada vez menores, sem filhos ou com foco nos animais, e não mais em pessoas. Uma pergunta que não quer calar: as famílias estão escolhendo esses modelos ou são opções criadas pela mídia e pelo modelo econômico vigente?
Pensando na família de Nazaré, observamos que ela valorizava pouco o econômico e investia no relacionamento com Deus e entre si. Diante de todas as dificuldades vivenciadas, estavam juntos e fortes nas tribulações. A maioria das famílias de hoje tem enfrentado as dificuldades com separações, medicações, violências e distanciamento entre as pessoas.
Muitas vezes, quando analisamos as famílias, detemos nosso olhar sobre as crianças, mas precisamos focar também nos idosos, os quais, nas famílias, eram vistos com respeito, e o convívio com os novos trazia aprendizado mútuo. Hoje, com a falta de tempo, os idosos são esquecidos ou colocados em abrigos que podem ferir a dignidade e a convivência familiar; além da mensagem que é passada às novas gerações, de que os velhos são descartáveis.
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, educação e cultura, ao esporte, lazer e trabalho, à cidadania, liberdade e dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Desafios da família cristã
Diante desses desafios, a família cristã precisa encontrar saídas para enfrentar esses desafios, começando por assumir a educação. Diante de tanta correria, é necessário assumir a responsabilidade e encontrar tempo, pois ensinamentos teóricos formam, mas são os atos que marcam o comportamento de uma família.
Nenhum presente substitui o relacionamento, a família precisa buscar o valor pessoal, investir nisso, e não em coisas. As crianças precisam se sentir amadas, com gestos de carinho e limites, porque o caminho de uma vida é longo e difícil, mas uma pessoa com maturidade emocional e espiritual terá mais chances de percorrer melhor essa estrada.
Os pais precisam ser exemplos em quem vale a pena pautar comportamentos. Para isso, precisam de tempo e relacionamento, a fim de repassar o modo de pensar e agir. Isso vale a pena, porque, quando os filhos crescerem, saberão como se portar e não se desviarão do caminho correto, lutarão contra o modelo proposto por uma sociedade pagã, que domina vícios e sentimentos ruins, onde os pecados capitais são considerados pontos fortes para subir na vida. Os pais precisam preservar princípios de uma família que busca a perfeição. Edificar a sua casa é uma ordem encontrada na Bíblia, que garante a muitos uma velhice tranquila.
Não podemos nos conformar com as profecias de que a família está fadada a acabar. Sabemos que estamos vivenciando uma grande crise, mas se os pais retomarem a condução de suas famílias, apesar de o caminho ser apertado, a vida terá a certeza da vitória. Além de orar, precisam tomar posse das promessas de Deus, de que aqueles que não se desviarem nem para direita e nem para esquerda, servindo a outros deuses, terão suas famílias preservadas, conservarão a sua família de pé, na presença do Senhor, e terão respostas para todas as mudanças que assolam o mundo.
Por Ângela Abdo, via Canção Nova