Comunidades eclesiais missionárias apontam para um jeito de ser Igreja na cidade
10/09/2019Na Audiência Geral, Papa recorda viagem apostólica: “Com Maria viajo seguro”
11/09/2019
Agora, aos 78 anos, sou um padre ancião. E optei pela mística da misericórdia e do diálogo, acentuando Jesus e seu coração libertador (Mt 9, 36), preocupado com as ovelhas sem pastor.
Hoje vejo que aumentou claramente a mística de Pentecostes entre os jovens padres que acentuam o Espírito Santo Consolador que Jesus disse que enviaria e enviou. Naqueles dias, os discípulos reunidos em oração esperavam a manifestação do prometido Espírito Santo. Naqueles dias não foram às ruas conversar com o povo. Estavam concentrados à espera da vinda do prometido Espírito Santo. Mas, assim que o receberam, foram às ruas profetizar e cuidar das feridas do povo (At 5,15) e faziam coletas para os pobres.
Em práticas de Maria passa na frente, Derrubada dos Muros de Jericó, Missas de Cura e Libertação, preces por milagres, incentivo à oração, vejo novos enfoques pastorais e espirituais entre os novos consagrados. É um olhar para o alto e um incentivo para olhar para o alto, de onde vem o auxílio (Sl 33,20 ).
A meu ver, trata-se de procura por uma nova mística de misericórdia com acento na oração e na esperança de que dias melhores virão, se o povo orar mais.
Em geral eles acentuam a graça abundante do Cristo através da promessa de Pentecostes. São os novos padres e freiras jovens acreditando no que Joel 2, 28 disse: “Vossos filhos e filhas um dia profetizarão”.
Muitos deles ousadamente marcam dias e semanas de oração e profetizam que naqueles dias haverá curas e milagres. Vejo isto nas postagens deles.
Deus não me deu esta ousadia e eu não ouso. Ouso na pregação de justiça e paz e na catequese sociopolítica, quando uso a mídia e os escritos e tento ensinar as encíclicas dos Papas e os sucessivos documentos do Concílio e das Conferências Episcopais sobre “ir ao povo“ para ensinar o diálogo permanente na sociedade.
Nosso país precisa encarar as injustiças deste mundo. Não estamos bem representados por nossos porta-vozes em Brasília. Às vezes o povo se queixa da falta de políticos e pregadores e juízes que olhem para suas dores. Basta ver o caos da saúde em algumas regiões.
São as duas vias: “olhar para o alto e olhar ao redor” para ver o que acontece em nosso país e no mundo. O povo está clamando por pastores que conversem com ele sobre suas angústias do dia a dia. Ele quer teologia, mas também quer sociologia. Está doendo aqui e agora quando precisa de uma consulta e de uma internação e só será atendido daqui a seis meses…
Neste aspecto vejo a diferença de acento pastoral entre quem ficou padre depois de 1962 até hoje e quem ficou padre depois de 1990 até hoje.
Releio o Documento Gaudium et Spes e o Documento de Aparecida, este nos números 98 ,100, 391, 399, 402, e não vejo os novos pregadores no rádio, nos retiros, na TV, incentivando nem acentuando um olhar imediato sobre as angústias do povo.
Ainda os vejo olhando para o alto e incentivando o povo ajoelhado a olhar para o alto, de onde vem o auxílio. Poucos deles olham como Jesus mandou olhar ao redor, para sentir que o povo está como ovelhas sem pastores.
A espiritualidade cristã é feita de teologia, mas também de psicologia, psiquiatria, sociologia e socorro imediato.
Feliz da cidade que tem tudo isso! Não tendo, o povo corre para os templos com data marcada para curas e prodígios. O ideal é o que muitos bispos e padres fazem: capelães nos hospitais, leigos e monges voluntários nas ruas, fazendas esperança, pregação na TV e no rádio sobre as doutrinas sociais da nossa Igreja, páginas na internet ensinando a se preocupar com os pobres e desempregados.
E tudo isto sem xingar os padres da libertação de serem comunistas. Jesus fez tudo isso e não foi e nunca seria comunista. Ele nunca mentiu ou enganou para implantar o Reino dos Céus. E ensinou a repartir o pão sem pegar em armas.
Por Pe. Zezinho, via Aleteia