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Nossa história de relacionamento com Deus é um convite constante à confiança n’Ele, e são inúmeros os exemplos bíblicos, incontáveis as experiências pessoais dos santos acerca da confiança absoluta no Senhor. É quase que uma espécie de “lei” o exercício da confiança em Deus. E por quê?
Quem tem confiança em Deus até o fim não se decepciona, mas se fortalece
Apesar de o salmista Davi dizer: “Que coisa é o ser humano, para dele te lembrares. No entanto, o fizeste pouco menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste” (Sl 8,5 – 6), somos frágeis e limitados, sem confiança em Deus, o sucesso naquilo que empreendemos, enfrentamentos que a vida nos impõe e combates espirituais pelos quais passamos, não haverá garantia de êxito!
No dia 5 de outubro, celebramos, na liturgia da Igreja, a vida de Santa Faustina, apóstola e secretária da Divina Misericórdia. Foi a ela que Jesus confiou tal missão e ensinou o terço em honra à misericórdia e aos fiéis devotos dessa espiritualidade, da qual eu sou participante. Quando rezamos o terço da Divina Misericórdia, nós o encerramos dizendo: “Jesus, eu confio em Vós!”.
É preciso deixar que o que rezamos se encarne em nossas atitudes, decisões e nossos comportamentos, pois dizer “Jesus, eu confio em Vós” é mais fácil do que realmente confiar.
Decepção nunca foi o resultado final na vida dos que confiam até o fim
Quem pratica a confiança no Senhor não caminha baseado no que vê, mas no que Ele faz com o que vê. Sim, o cenário pode até ser desfavorável, as notícias que você tem recebido podem ser desalentadoras, mas, independente do que está acontecendo, quem está na “fila” da confiança inabalável no Senhor se mantém convicto de que a decepção nunca foi o resultado final na vida dos que confiam até o fim.
Deve ser por isso que, um dia, o Apóstolo Paulo, no desejo de afoguear o coração do jovem bispo Timóteo, que enfrentava grandes tribulações na administração da Igreja na Ásia, lhe escreveu:
“Eu sei em quem eu depositei a minha fé, e estou certo de que Ele tem poder para guardar o meu depósito até aquele Dia”. (2 Tm.1,12).
Era o apóstolo relembrando àquele grande aluno, na fé, que a tribulação é uma grande escola de santificação.
Talvez você possa pensar: “Evandro, eu não administro Igreja. Minha tribulação é a enfermidade na família, o desemprego, os vícios que assolam quem eu tanto amo”.
Exercitamos confiança em Deus não só em assuntos de ordem espiritual; a confiança em Deus é para a vida, por isso, exercitá-la só nas questões extraordinárias e não nas ordinárias é limitar o agir de Deus.
Tribulação e tentação, há diferença!
É preciso saber distinguir uma da outra, para isso, que fique esclarecido algo importantíssimo:
A tentação é uma ação diabólica, e tem como pai o demônio. Sendo assim, não é nem nunca será uma ação provocada pelo Senhor, ou seja, Ele não nos tenta!
Quando Jesus estava no terceiro e derradeiro ano de sua vida pública, os discípulos fizeram-lhe um pedido: “Mestre, ensina-nos a orar” (Lc.11,1). Jesus lhes ensinou a oração do Pai-Nosso, que é composta por sete pedidos. O sexto pedido fala, exatamente, dessa ação diabólica: “não nos deixeis cair em tentação”.
Logo, você e eu somos instruídos pelo próprio Cristo a considerar um fator importante: Cristo nos pede que oremos ao Pai para que, com Seu auxílio, não caiamos em tentação, pois cair em tentação é pecar.
Diferentemente, a tribulação é parte integrante do nosso processo de amadurecimento humano e do nosso progresso espiritual, ela tem, por assim dizer, o consentimento divino. O próprio Senhor nos prepara na Palavra quando diz: “No mundo, tereis muitas tribulações, mas coragem! Eu venci o mundo”(Jo 16,33).
Tempos de tribulação nos preparam para tempos extraordinários
Se oramos para evitar cair em tentação, devemos saber que não há oração que evite a tribulação; a oração nos fortalecerá para sabermos viver em Deus dentro da tribulação. Ninguém ora desejando tribulações. Oramos desejando sobrepor tribulações para que, ao final, entendamos o quanto saímos mais fortes de tempos que, num primeiro momento, entendíamos não suportar.
Cresce quem testifica com a vida o quanto a confiança e a obediência cega ao Senhor lhe deu resultados magníficos. Não paremos na tribulação. Ali na frente, o céu inteiro já está posicionado, esperando para nos dizer: “Eu não falei que você conseguiria?”.
Por Evandro Nunes, via CNBB