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“Feliz de Ti que acreditastes, porque se vai cumprir tudo o que que te foi dito da parte do Senhor” (Lc 1,45). A fé é uma virtude sobrenatural infundida por Deus na alma, cujo objetivo é o próprio Deus. Por isso, a fé é uma virtude teologal; que nos dá a conhecer a Deus não por meios humanos nem pelas luzes da razão, senão pela influência da divina graça.
Deus, em sua onipotência maravilhosa, infundiu de forma tão elevada e extraordinária essa virtude na Virgem Maria, escolhida por Deus para colaborar com o mistério da redenção. Maria é para a Igreja o Tipo, ou seja, o seu modelo como nos confirma tão bem o Concilio Vaticano II, Ela é para todos aqueles que creem modelo de fé. Maria acreditou em tudo o que Deus preparou para Ela. Acreditou sem duvidar no seu coração.
A partir da anunciação, toda a vida de Maria será um eterno caminhar na fé e, muitas vezes, numa aparente escuridão, tendo de fugir para o Egito, vendo o ódio de muitos se levantar sobre Seu Menino, mas Ela acreditou firmemente nas promessas do Anjo, acreditou que, diante de tantas lutas, o Senhor estava com Ela. Quando tudo parece desmoronar, a fé é a certeza de que o Senhor está a nos dar força diante de tudo. Maria é elogiada por Isabel de “A Feliz”, porque Ela acreditou. A alegria de Maria é o fruto da Sua fé.
Mãe na fé
Diante da anunciação do Anjo, Maria não duvida, Ela simplesmente crê, dando o Seu consentimento, o Seu “faça-se” numa entrega baseada unicamente na fé em Seu Deus. Por isso, com razão, os santos Padres da Igreja afirmam que, Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela Sua fé e obediência, na salvação dos homens. Como nos diz Santo Irineu Bispo de Lião, «obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano», a obediência de Maria é fruto de sua fé cega em Deus. Como nos afirma tão bem os Santos Padres que: a Virgem antes de gerar a Cristo em seu coração, Ela o gerou primeiro no Seu coração, por meio da Palavra que Ela tanto meditava e guardava com alegria.
Maria é modelo para toda Igreja, modelo de fé viva. Um grande Teólogo da Igreja chamado Romano Guardini, baseando-se no Padres Orientais, nos diz que: a fé de Abrão é pré-anuncio da fé de Maria, ou seja, Abrão no Antigo Testamento é chamado de o “Pai da fé”, agora, no novo, ele dá lugar a jovem filha de Sião, que será nossa mãe na fé. Aos pés da Cruz, Jesus, o Seu filho, nos dará Ela como nossa mãe e herança. A Abrão Deus pediu seu único filho para o sacrifício, mas na hora de ofertar Deus disse que não precisava mais; porém, a Maria, Ele pediu seu único filho e Ela teve de ir até o fim na sua oferenda, sua fé seria maior do que a fé de Abrão. A fé de Abraão, segundo a visão dos Santos Padres, é a sombra da fé de Maria.
O seguimento de Maria foi todo de fé, um peregrinar na confiança firme em Deus. Nas passagens que vemos na Sagrada Escritura, onde Maria está presente podemos observar sua simplicidade e, ao mesmo tempo, sua fé inabalável: na anunciação, na apresentação no templo, em Caná nas bodas, aos pés da Cruz, em cada cena vemos uma Mulher que em tudo confiou, não deixou-Se levar por forças externas, mas teve um coração Imaculado, ou seja, vazio de si e cheio de Deus.
Quem crê não está só
Aos pés da Cruz, diante da dor, vendo Seu filho morrer injustamente, Ela não se desespera, não vacila em Sua fé, mas confia. Permanece no Seu Stabat Mater, ou seja, no Seu estar de pé, com o coração destruído, sim, mas com Sua fé firme, que vê além da dor. Ela poderia muito bem olhar para todo aquele cenário e dizer: “Foi tudo mentira, fui enganada, o Anjo me enganou, cadê ele aqui comigo?”.
Porém, Ela simplesmente crê, como nos diz Papa Francisco em sua homilia para as Monjas Camaldulenses de Roma em 2013: “Também Ela, naquele momento, poderia ter exclamado recordando as promessas da anunciação: “não se cumpriram, fui enganada”. Mas não o disse. Contudo Ela, Bem-aventurada porque acreditou, desta sua fé vê brotar um futuro novo e aguarda com esperança o amanhã de Deus”.
Aos pés da Cruz, Maria é a Igreja que crê, mesmo diante de tanta dor e perseguição, a Igreja se vê na fé de Maria, depois, Ela na porta do sepulcro será como que uma lâmpada acesa que espera o alvorecer da Páscoa. São João Batista de La Salle nos diz que: “Não entendemos os desígnios de Deus, não vamos os compreender, mas devemos adorá-los e basta”. Diante de tudo o que vivemos, Maria com sua fé viva nos ensina a adorar os desígnios de Deus e a confiar. A fé é caminhar tendo como única certeza: “Eu não estou só. O Senhor é a minha esperança!”.
Por José Dimas, via Canção Nova