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Com certeza, muitos já tiveram a alegria de estudar numa escola ou até universidade de irmãs ou irmãos religiosos; ter uma religiosa como catequista; ter um familiar num asilo atendido por irmãs religiosas; ser acolhido e tratado num hospital de uma congregação religiosa; participar de uma atividade comunitária sob a coordenação de irmãs; ver irmãs religiosas atuando com crianças, jovens, idosos ou nas atividades pastorais e missionárias; com muita frequência estão nas obras sociais voltadas aos mais necessitados, nas periferias das grandes cidades ou nos lugares longínquos, no anonimato, sem holofotes ou fama. A presença e atuação dos religiosos e religiosas faz com que a Igreja Católica seja a maior instituição de caridade do mundo. Sem falar dos monges e monjas de vida contemplativa: sua vida é dedicada à oração, para si, pela Igreja e por todos nós. O terceiro domingo do mês de agosto é a eles dedicado. Somos convidados a dizermos a todos eles muito obrigado, pelo que são e pelo bem que realizam.
Mas o que faz este modo de viver ser belo? Qual o seu fascínio? Tem a ver com a fé em Jesus Cristo e o seguimento dele. A vida consagrada é uma doação total de si a Cristo, a partir da inspiração de um carisma de um fundador ou fundadora. Está ligado ao batismo, mas com o propósito de uma vivência radical, testemunham através dos votos de pobreza, castidade e obediência, que somente Deus pode preencher a vida de sentido e de alegria. “Só Deus basta”, disse Santa Teresa de Ávila. “É um caminho de especial seguimento de Cristo, para dedicar-se a Ele com coração indiviso e colocar-se, como Ele, a serviço de Deus e da humanidade, assumindo a forma de vida que Cristo escolheu para vir a este mundo: vida virginal, pobre e obediente” (Documento de Aparecida, n. 216). Embora muitos exerçam atividades profissionais, sentem-se chamados por Deus e escolheram este caminho como seguidores de Cristo, para se dedicarem a Ele com generosidade. O consagrado não busca em primeiro lugar sua autorrealização ou o sucesso profissional. Tem o sentido de sua vida fora de si, em Cristo. Como disse o Profeta Jeremias, é alguém “seduzido” por Deus: “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir, foste mais forte do que eu e prevaleceste” (Jr 20,7). São homens e mulheres com grandes ideais, que não se contentam com a superficialidade de uma vida medíocre, mas, por sentirem o coração arder por Deus, em seu nome doam a vida pelo bem da humanidade. Deixam tudo para estar com Cristo e colocar-se a serviço de Deus e dos irmãos.
Por isso, antes da missão que realizam, o fato de existirem são um testemunho do evangelho de Jesus Cristo. São um dom dado por Deus à Igreja (LG 43). Qual boa-nova nos revelam? “No nosso mundo, onde frequentemente parece terem-se perdido os vestígios de Deus, torna-se urgente um vigoroso testemunho profético por parte das pessoas consagradas. Tal testemunho versará, primeiramente, sobre a afirmação da primazia de Deus e dos bens futuros” (São João Paulo II, A vida consagrada, n.85). A toda Igreja e também à humanidade recordam o lugar fundamental da vida espiritual. No meio do asfixiante e superficial imanentismo consumista, apontam para o alto, para Deus, para “uma sobriedade feliz” (Francisco) e para a caridade misericordiosa como única maneira de construir relações fraternas.
Desejaríamos ter uma presença maior de religiosos em nossa Diocese de Cruz Alta. Urge intensificar nossa animação vocacional. Contudo, somos muito gratos pelas comunidades religiosas que estão em nossas paróquias. Parabéns a todos vocês.
Por Dom Adelar Baruffi, Bispo de Cruz Alta (Via CNBB)