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21/08/2018
Reflita sobre como Jesus exerceu a virtude da humildade.
Na vida de Jesus, há para nós todos os exemplos necessários para nos sustentar e fortalecer, na prática, de todos os gêneros de humildade; Ele nos pede que o sigamos e o imitemos. Para que hesitar? Ele mostrou tudo o que somos capazes de imitar. Vejamos, pois, como podemos, seguindo o seu exemplo, praticar a humildade para com Deus, para com o próximo e para conosco.
Como se manifesta a humildade?
Para com Deus, manifesta-se a humildade, sobretudo de dois modos:
a) Pelo espírito de religião, que honra em Deus a plenitude do ser e da perfeição. Daqui, nascem aqueles sentimentos de adoração, louvor, temor filial e amor. Sentimentos que brotam no coração, não somente na oração, mas percebendo Nosso Senhor na beleza das obras naturais e nas sobrenaturais, onde vemos verdades com a participação divina;
b) Pelo espírito de gratidão, que vê em Deus a fonte de todos os dons naturais e sobrenaturais, que admiramos em nós e nos outros. Em vez de nos envaidecermos desses dons, referimos a Deus toda a honra que lhes é devida, e reconhecemos que, muitas vezes, bem indigno foi o uso que deles fizemos.
Para com o próximo, o princípio que nos deve guiar é este: ver o que Deus nele depositou de bem, sob o duplo aspecto natural e sobrenatural. Admirá-lo sem inveja nem ciúme; lançar, ao contrário, um véu sobre seus defeitos e escusá-los na medida do possível, ao menos quando não os temos que dirigir.
Se virmos o próximo cair em qualquer falta, em vez de com isso nos indignarmos, oremos pela sua conversão; e digamos sinceramente que, sem a graça de Deus, haveríamos caído em faltas muito mais graves ainda.
Podemos, efetivamente, considerar, sobretudo, senão exclusivamente, o que há de bom nos outros e o que há de mau em nós.
Em face de si mesmo, o homem é juiz, e, quando se conhece a fundo, vê claramente que é muito culpado e que há em si muitas tendências más; donde conclui que se deve desprezar. Quanto aos outros, porém, não é juiz nem o pode ser, visto não conhecer as suas intenções que são um dos elementos mais essenciais para julgar o seu procedimento; nem tampouco conhece a medida da graça que Deus lhe outorga. Julgando-nos, pois, severamente a nós mesmos e não julgando os outros senão com benignidade, chegamos à persuasão prática de que, afinal, nos devemos colocar abaixo de todos os outros.
Para conosco, eis o princípio que devemos seguir, sem deixarmos de reconhecer o bem que há em nós. Para darmos graças a Deus, devemos, sobretudo, considerar o que há de defeituoso, o nosso nada, a nossa incapacidade, o nosso pecado, a fim de nos conservarmos habitualmente em sentimentos de humilhação e confusão.
Humildade de coração
À luz deste princípio, mais facilmente praticaremos a humildade, que se deve estender ao homem todo: ao espírito, ao coração, ao exterior.
Humildade de espírito: Não exagerar os nossos talentos, mas nos humilhar de havermos tão mal aproveitado os que Nosso Senhor nos deu. Não procurar brilhar, nem atrair a estima dos homens, mas ser útil e fazer o bem. “Servir-se da Palavra de Deus e das coisas divinas para adquirir honra e estima é um sacrilégio!” (São Vicente de Paulo).
Praticar a docilidade intelectual, submetendo-se não só as decisões oficiais da Igreja, mas aceitando até cordialmente as direções pontifícias, ainda quando não infalíveis, dizendo-nos que há mais sabedoria nessas resoluções que em nossos próprios juízos.
A humildade de coração exige que não procuremos a glória nem as honras, mas prefiramos o último lugar, o esquecimento. “Não devemos jamais lançar os olhos nem os fixar no que há de bom em nós, mas nos aplicar a conhecer o que há de mau e defeituoso, e é esse um grande meio para conservar a humildade”. (S. Vicente de Paulo)
A humildade exterior não deve ser mais que a manifestação dos sentimentos interiores, muito embora os atos exteriores nos ajudem a robustecer os atos interiores: ter uma casa simples, usar roupas modestas, procurar estar limpo. O porte, o andar, a fisionomia, o modo de proceder modesto e humilde sem afetação, o trabalho manual, o conserto de roupas e calçados ajudam a produzir esse resultado. A condescendência com os outros, deferência e cortesia. Nas conversações, leva-nos a humildade a deixar falar os outros sobre as coisas que os interessam, e a falar pouco da nossa parte. Sobretudo, impede de falar de si mesmo e de tudo quanto se refere ao eu: é preciso ser santo, para poder falar mal de si sem pensamento reservado; e falar bem de si não é senão vaidade e orgulho.
A humildade é, pois, uma virtude muito prática e santificadora, que abraça o homem todo inteiramente; ajuda-nos a praticar as demais virtudes, sobretudo a mansidão.
Conteúdo baseado no livro COMPÊNDIO DE TEOLOGIA ASCÉTICA E MÍSTICA – Autor Adolf Tanquerey
Por Roger de Carvalho, via Canção Nova