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Mais um ano litúrgico termina e um novo ciclo inicia-se com o solene tempo do Advento. Este tempo inicia o calendário litúrgico, nas primeiras vésperas do 1º Domingo do Advento (sábado – 28/11/2015) e terminará no dia 24/12/2015, no período da tarde. O Advento também inicia o Ciclo do Natal, que se encerra no dia 10/01/2016, com a Festa do Batismo de Jesus.
O Ano litúrgico que se inicia, ano C, está centrado no Evangelho de São Lucas, com adições do Evangelho de João.
Este tempo litúrgico é solene, embora seja contido. Em termos de solenidade e importância, os domingos do Advento se equiparam aos domingos da Quaresma e da Páscoa, sendo, todos estes tempos, centrados em seus respectivos domingos. Seus domingos só não estão acima das seguintes solenidades do ano: Vigília Pascal, Natal do Senhor, Ceia do Senhor, Paixão e Morte do Senhor, Epifania do Senhor, Ascensão do Senhor e Pentecostes.
O Advento é composto por 4 domingos. Suas datas variam, de acordo com o dia da semana em que o Natal ocorrerá. É obrigatório celebrar 4 domingos antes da véspera de Natal, a missa central do Tempo do Natal e do Ciclo do Natal. Este ciclo é composto pelo Tempo do Advento e pelo Tempo do Natal. Por vezes, este ciclo pode ser chamado de ciclo do mistério da Encarnação, a primeira etapa do plano de salvação de Jesus Cristo ao mundo. O segundo ciclo, o Ciclo da Páscoa, celebra o mistério da Ressurreição. Ambos os mistérios são acontecimentos extraordinários e sustentáculos da fé cristã.
Histórico
A vivência proposta pela Igreja, como preparação para o Natal, reside nas sagradas escrituras, espelhando a expectativa dos judeus, pela vinda do seu restaurador, da linhagem do rei Davi. Na história de Israel, homens santos profetizavam sobre o retorno de Israel aos seus dias gloriosos: o reinado de Davi e Salomão, isso, após sucessivas invasões e dominações estrangeiras. Depois da institucionalização da nação, promovida por Davi e continuada por Salomão, Israel só virá a ser uma nação plenamente soberana, no ano de 1948, em plena Guerra Fria.
Não por acaso, quase a totalidade das leituras das missas são das profecias de Isaías, sobretudo da primeira parte do livro, também conhecida como Livro de Emanuel. Este epônimo quer dizer “Deus Conosco”, uma evocação do autor do livro, clamando e sonhando com a vinda do messias.
Basicamente, hoje, vivenciamos a atmosfera que os judeus respiraram: expectativa da vinda de um menino, nascido de uma virgem, que viria estabelecer o reino de Deus na terra e recuperar a era de Ouro de Davi e Salomão.
A noção de um período de preparação para a Epifania (Mistério da Encarnação), viria como análoga à preparação para a Vigília Pascal (Mistério da Ressurreição), anos após o estabelecimento do culto eucarístico e das festas mais importantes deste culto: a Páscoa e a Epifania.
Vale lembrar que, até hoje, os cristãos orientais não celebram o Natal no dia 25/12, mas celebram todo o mistério, na Epifania. Esta tradição oriental, aliás, destacava fortemente a Epifania (Nascimento e Manifestação de Jesus), com a mesma importância à da Páscoa.
Mais tarde, passando para a igreja ocidental, o mistério da Encarnação será dividido em dois momentos: o Natal, fixado próximo ao solstício de inverno (H. Norte), e a Epifania, no dia de reis. O culto popular trará a noção de preparação para o Natal da tradição oriental e o Advento será oficializado, com 6 domingos antes do Natal. Alguns elementos pagãos são incorporados, por conta da raiz cultural do povo europeu, de origem romano-germânica. Um exemplo é a Coroa do Advento.
Com o passar do tempo, o Advento será reduzido para 4 domingos e manterá a forma atual. Dos ritos ocidentais, um notável destaque é o rito Ambrosiano (Milão – Itália). Neste rito, o Advento é celebrado em seis domingos, como a Quaresma e como o antigo Advento.
Uma possibilidade histórica atesta que, tanto a Quaresma, quanto o Advento, eram tempos de preparação para aqueles que seriam batizados na Vigília Pascal e na Epifania, respectivamente. O Hino de Louvor era uma oração apenas para batizados, daí a omissão desta oração em ambos os tempos de preparação, pois os catecúmenos não podiam permanecer no momento do “Glória”, na missa. Omitindo-se o Hino, a permanência deles era garantida em todos os momentos da celebração.
O antigo Advento possuía a mesma austeridade da Quaresma. Isso mudou com o tempo, conforme veremos a seguir.
Características Teológicas
O Advento é um tempo romano, em sua concepção. Celebra duas circunstâncias da fé: a preparação para o Natal e a Parusia – Segunda vinda de Cristo. O ramo adventista do cristianismo, por exemplo, recebe este nome em alusão à volta iminente de Jesus.
Do ponto de vista católico, a parusia é desconhecida por todos, conforme o próprio Cristo: “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem mesmo os anjos do céu, mas somente o Pai”.[Mt 24,36].
Seja qual for a interpretação possível sobre o retorno de Cristo a este mundo, a primeira etapa do Advento celebra este ponto, como forma de nos fazer vigilantes, para deixar nosso coração limpo e próprio para recebê-lo. Há, inclusive, um paralelo com a nossa morte, a fim de nos deixar preparados para nosso retorno a Deus.
A segunda característica do Advento é a preparação para o Natal. Importante notar que a prepração para o Natal está presente em todo o tempo, não apenas na etapa de 17 a 24/12. João Batista é figura recorrente em todos os anos litúrgicos, no segundo e no terceiro domingo. Jesus deixa espaço para as palavras do precursor, João Batista, como se Jesus ainda não tivesse chegado.
Características Litúrgicas
Este tempo é constituído de 4 domingos solenes, 3 semanas, denominadas férias, e um período também ferial, porém de maior importância, conhecido por Semana Santa do Natal, análogo ao período da Semana Santa pascal.
A cor litúrgica é a roxa, símbolo da esperança e da conversão. Esta cor é, por excelência, a cor da espera. Para a Igreja, a conversão deve existir todos os dias, mas deve-se intensificá-la, antes das grandes solenidades do Senhor, daí a necessidade em converter-nos.
A Quaresma se aproxima do Advento neste sentido, pois celebra a conversão e a esperança em um grande acontecimento. A diferença marcante entre ambos reside na aproximação da morte de Cristo, um ponto crucial, porém de muita tristeza. No Advento, não há esta parada antes da alegria suprema da Páscoa, já experimentamos a alegria suprema do Natal.
Durante o Advento, não se canta o Hino de Louvor (exceto nas festas e solenidades), mas canta-se o ‘Aleluia’. É recomendável promover a Novena de Natal, para enriquecer o período da Semana Santa do Natal (a partir do dia 17/12).
Para preservar a grande alegria do Natal, os cantos e toda prática litúrgica do Advento devem ser mais contidos. Pouco (ou nenhum) ornamento deve ser posto sobre o presbitério. A cor roxa deve ser realçada, indicando que estamos em um momento de preparação.
No 3º Domingo do Advento (Domingo Gaudete), pode-se utilizar a cor rósea, como abrandamento do decorrer do tempo litúrgico. Isto também ocorre na Quaresma, no 4º Domingo (Domingo Laetare). Gaudete e Laetare significam regozijar!
É permitido celebrar algumas memórias dos santos, porém não desviando do tema principal. A partir do dia 17/12, não se pode celebrar nada, além da liturgia do dia. Não é permitido mudar a liturgia do dia, por liturgia dos santos, exceto em três casos, como veremos a seguir. Os domingos do Advento não podem ser trocados por festas ou solenidades.
Há 3 liturgias mais festivas: a Festa do Apóstolo André (30/12 – nem sempre ocorrendo no Advento) ; a Solenidade da Imaculada Conceição (8/12) e a Festa de Guadalupe (12/12). Nestas ocasiões, permite-se cantar o Hino de Louvor.
Calendário
O primeiro dia do Advento ocorre nas vésperas do 1º Domingo do Advento. Esta data é fixada, de acordo com o dia em que o Natal ocorre durante a semana. É obrigatório celebrar 4 domingos antes da primeiras vésperas do dia 24/12. Os dias entre os domingos e o Natal, são preenchidos pelas férias do Advento. Não há uma ‘4ª Semana do Advento”, pois este período sempre é preenchido pela Semana Santa do Natal.
Por conta da mobilidade do Natal em relação aos dias da semana, anualmente o Advento possui um número diferente de dias. Observe que, após o 3º Domingo, inicia-se a 3ª Semana. A princípio, ela terminaria no sábado (missa matutina) seguinte, mas isso não ocorre todos os anos.
Quando a 3ª Semana adentrar no período que tem início no dia 17/12, ela é suprimida, em favor da liturgia da Semana Santa do Natal. No ano passado, por exemplo, o dia 17/12 ocorreu em uma Quarta-feira, assim a 3ª Semana do Advento só foi celebrada na Segunda-feira (15/12) e na Terça-feira (16/12).
Neste ano, ela será celebrada até Quarta-feira (16/12).
Isso ocorre devido à posição do Natal na semana. Conforme o Natal se aproxima do domingo, o dia 17/12 fica mais distante do 3º Domingo, e, consequentemente, a 3ª Semana do Advento fica maior. Quando o Natal ocorrer em um domingo, o Advento terá sua extensão máxima, pois o 4º Domingo ocorrerá uma semana antes (17/12), a 3ª Semana será celebrada completamente, a semana entre o 4º Domingo e o Natal será preenchida completamente pela Semana Santa do Natal e o 1º Domingo ocorrerá no dia 26/11.
As datas do Advento são completamente determinadas pelo Natal, uma vez que este ciclo é baseado numa data fixa (25/12), diferentemente da Páscoa, uma data móvel.
Celebrações litúrgicas do Tempo do Advento do Senhor (2015)
29/11 – 1º Domingo do Advento
30/11 – Festa de Santo André, apóstolo
1/12 a 5/12 (missa matutina) – 1ª Semana do Advento
06/12 – 2º Domingo do Advento
07/12 , 09/12 a 11/12 – 2ª Semana do Advento
08/12 – Solenidade da Imaculada Conceição de Maria
12/12 (missa matutina) – Festa de Nossa Senhora de Guadalupe
13/12 – Domingo Gaudete
14/12 a 16/12 – 3ª Semana do Advento
17/12 a 24/12 – Período Solene das Férias do Advento
20/12 – 4º Domingo do Advento
24/12 (missa vespertina)
Bom Ano Novo Litúrgico!
Thiago – Cantinho da Liturgia – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora