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30/10/2018
“Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (cf. Tg. 1, 2-3).
Provação é uma palavra que a maior parte das pessoas não quer ouvir falar. Elas sabem que esta palavra, na maioria das vezes, pode representar desconforto e desestabilização. É ainda pior quando a provação vem acompanhada por grandes sofrimentos como a perda da saúde, o desemprego e a morte.
De modo geral, desesperar-se diante da provação não ajuda em nada a passar por ela, pelo contrário, pode ser ainda pior! O desespero compromete a razão e leva à criação de monstros interiores. Se a provação representa um problema, esteja certo, o desespero é um problema ainda maior.
Deixe de lado o desespero
Podemos olhar para as provações que se nos apresentam de duas maneiras: pela lente do mundo ou pela lente cristã. Se enxergarmos as provações tão somente com a lente míope do mundo, estaremos produzindo em nós, certamente, o desânimo. Ao contrário, se olharmos com a lente cristalina e precisa da Palavra de Deus, seremos alcançados pela perseverança.
Aliás, na carta de São Tiago, encontramos uma preciosa instrução: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança”. (cf. Tg 1,2-3). Com essa proposição de Tiago, até mesmo a forma como comumente se olha para a provação muda, não mais com pesar ou desespero, mas com alegria.
Em outra passagem, temos uma instrução bem semelhante à de Tiago: “Também nós nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança leva a uma virtude aprovada; e a virtude aprovada desabrocha em esperança. E a esperança não nos decepciona” (cf. Rm 5,3-5).
Afinal, o que é a perseverança?
A palavra perseverança vem do Latim perseverare, que quer dizer “manter-se firme, persistir”. Ela é formada pela partícula “per”, que quer dizer “totalmente”, seguida pela partícula “severus”, que quer dizer “sério, firme”, ou seja, ser perseverante é permanecer “totalmente firme” diante da provação.
Não é a toa que o fundador da Comunidade Canção Nova, monsenhor Jonas Abib, tem uma expressão bastante conhecida e que resume muito bem tudo o que tratamos neste artigo até este momento. Em diversas oportunidades, ele nos admoesta: “Aguenta firme, meu filho!”, “Aguenta firme, minha filha!”. Portanto, diante da provação, precisamos nos esforçar para permanecermos firmes e convictos. Caso contrário, assumiremos uma atitude fragilizada pelo medo e pelas emoções. Em outras palavras, estaremos assumindo atitudes de pessoas melindrosas e “fracas”, no pior sentido da palavra.
Como permanecer firme diante das provações?
Somente pelas forças humanas essa empreitada seria quase impossível. Portanto, quero apontar para um elemento essencial que nos ajuda a passar, com digna firmeza, pelas provações: a graça de Deus. Ela é abundante e está à disposição de todos. O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1821, rememora-nos que todos devemos esperar e contar com a graça de Deus, seja qual for a circunstância em que nos encontrarmos.
Pela irradiação da graça de Deus, todas as dimensões da vida do homem são fortalecidas. Em Jesus, somos cumulados de graças sobre graças. Sermos visitados pela graça de Deus não significa o fim das provações em nossa vida, mas, sem dúvida, encontraremos força e um novo significado para passar por elas. Não duvide! Pela graça de Deus somos capazes de passar por qualquer provação. Nós não estamos sozinhos, Deus está conosco.
O Concílio de Trento nos ensina que até mesmo Cristo sofreu grandes provações, especialmente no momento de sua crucificação. Não é à toa que a Igreja venera a Santa Cruz de Jesus. A Igreja exalta a Cruz Redentora por meio de um belo e antiquíssimo hino cantado nas vésperas da Semana Santa, o Vexilla Regis prodeunt: O crux, ave, spes única! – Salve, ó Cruz, única esperança!
Quero terminar com um trecho da Palavra de Deus
“Embora, exteriormente, estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna, que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (cf. 2Cor 4,16-18).
Por isso, não desanimemos!
Conte com as minhas orações!
Via Canção Nova