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14/06/2019
O mundo está inquieto. Não está em paz. Esta constatação emerge com evidência das notícias de cada dia.
No domingo passado as eleições para o parlamento europeu foram realizadas sob o temor do crescimento de novos nacionalismos que estão emergindo em diversas partes do mundo.
A Inglaterra ainda vive o drama de sua saída da comunidade econômica europeia, decidida em plebiscito que certamente não se deu conta das consequências econômicas e sociais decorrentes da efetivação do “Brexit”. Esta decisão ficou ratificada pelo resultado das eleições do domingo passado.
Além dos problemas internos da União Européia, continua o drama dos migrantes, vindos especialmente da África e do Oriente Médio.
Este mesmo fenômeno se verifica na fronteira entre o México e os Estados Unidos, que levou à estranha decisão do Presidente Trump de construir um muro ao longo dos milhares de quilômetros da fronteira que separa os dois países.
Na Índia é o Primeiro Ministro Narendra Modi que lidera o novo nacionalismo indiano, com clara predominância das feições do hinduísmo.
Em meio ao receio de uma nova crise econômica mundial, permanece a interrogação sobre as reais consequências do confronto comercial entre os Estados Unidos e a China.
Este contexto de crise é vivido, internamente, em diversos países cuja economia vai se desestabilizando, como é o caso da Argentina. E diversos países da África vivem o drama da miséria e da fome.
Este contexto mundial dá contornos mais concretos à crise vivida hoje pelo nosso país.
De resto, quando nos defrontamos com problemas bem concretos, e muito complexos, como é por exemplo a estruturação de um sistema justo e solidário de previdência social, é bom alargar os horizontes, e relativizar o drama vivido em decorrência de nossas crises atuais.
Um olhar mais amplo, nos permite encontrar convergências que podem nos unir em torno de consensos importantes, que podem nos assegurar decisões positivas a respeito de questões complexas, como é o caso da reforma da previdência.
Um consenso prévio, e indiscutível, se refere à ordem democrática, que precisa ser respeitada em qualquer hipótese. Concretamente, os Três Poderes da República têm seu âmbito próprio de decisão, que precisa ser respeitado, na construção dos consensos que devem ser alcançados, tendo como critério inspirador o bem comum que deve resultar das decisões a serem tomadas.
Sem esconder que o debate político precisa ser recuperado, pelo diálogo e pela racionalidade, deixando de lado posicionamentos fundamentalistas, que deformam expressões religiosas e pervertem a prática racional da política.
É urgente chegar a consensos mínimos, que permitam ao Brasil prosseguir sua caminhada democrática, na busca de condições de vida digna para todos os cidadãos.
Por Dom Demétrio Valentini – Bispo emérito de Jales, via CNBB