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Falar sobre o silêncio é antes silenciar, é colher na quietude da alma o sussurro de Deus. No entanto, é quando se faz junção entre silêncio e espera que se começa a enxergar, sem véu, sem mistério, a realidade talvez antes confusa. O Cardeal Tarcísio Bertone faz uma bela afirmativa a esse respeito, no seu livro “A última vidente de Fátima”, ao dizer: “Só no silêncio absoluto se começa a ouvir, e só quando a linguagem desaparece é que se começa a ver”.
Esses dias, tenho silenciado um pouco, talvez menos do que devo, mas, certamente, já é um silêncio proveitoso. Viajando em missão e, portanto sem apresentar os programas diários na Rádio, tenho experimentado um misto de quietude e reencontro com Deus, com pessoas queridas e comigo mesma. Deus e Seu jeito sempre novo de me visitar a cada tempo.
Já ouvi dizer que viver bem o momento presente com tudo que ele implica, é o caminho mais simples e mais seguro para chegar à santidade e, portanto, à felicidade. Concordo com a afirmativa, mas como saber o tempo certo para cada ação, inclusive, para silenciar e esperar?
O silêncio e a espera
Digamos que, em meio à correria do dia a dia, faltam ocasiões para pensar na resposta, e entre um desafio e outro, vamos levando a vida a correr contra ou a favor do tempo.
Recordo-me da passagem bíblica Ecle 3, a qual diz: “Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus…” E ainda: “Todas as coisas que Deus fez são boas, a seu tempo…” A própria natureza ensina que cada coisa é boa a seu tempo. Constatamos isso quando analisamos algumas situações vividas em épocas passadas. É fácil verificarmos que foi bom naquele momento, mas, talvez, hoje já não fosse. É que, para cada momento, existe uma graça especial. Fora da graça nada tem sentido.
Tenho compreendido que grande sabedoria é viver bem o presente. Os sábios da história ensinam que essa é uma trilha segura que nos leva a Deus. O desafio continua sendo descobrir o tempo certo para cada coisa, e agir de acordo. Sei que esse enigma não é só meu, e acredito que chegamos mais próximos de uma resposta quando abrimos mão de nossos projetos e abraçamos os de Deus, fazendo do seu tempo o nosso e vivendo cada momento como se fosse o primeiro, o último e o único momento.
Agindo assim, não fazemos nada por um acaso, e cada palavra, cada gesto, telefonema, decisão, por simples que sejam, passam a ser a coisa mais importante de nossa vida.
Aprender a lidar com o tempo
Quando se fala de tempo, é preciso saber respeitar sua passagem, compreender seus segredos e guardar seus ensinamentos sem deixar de vivê-los. Sabemos que o tempo trabalha a nosso favor ou contra nós, dependendo da maneira como o utilizamos. Então, valorizemos nosso tempo dividindo-o com quem espera de nós, seja com um sorriso, uma abraço, um ombro amigo, um gesto de amor. E vivamos melhor cada dia de nossa vida.
Sempre que me vejo irritada e sem tempo, quando parece não existir horas suficientes num só dia para fazer tudo o que desejo, compreendo que é preciso parar um pouco e rever a maneira como estou passando meus dias. Geralmente, nesses momentos, reencontro o Senhor do tempo e da história que me orienta e refaz.
Parar quando se faz necessário, é questão de respeito e amor a nossa própria vida. Muitas vezes, se não paramos, Deus por amor nos para. Compreender essa pedagogia e ser dócil é grande sabedoria. Se, enquanto você ler sobre silêncio e espera, perceber que é tempo de parar, tenha a coragem de dar esse passo.
Aprendi que o silêncio e a espera em Deus trazem o poder de nos transformar naquilo que devemos ser.
Estamos juntos!
Por Dijanira Silva, via Canção Nova