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15/10/2019
A felicidade é a vocação do Homem. Todo mundo concorda com esse tipo de afirmação, especialmente aquelas pessoas que tomam as suas vidas em suas mãos. Acima de tudo, desejamos ser felizes. Quanto a saber o que é felicidade, escrevem-se livros, dissertações, mas nenhum deles consegue desvendar o segredo. Muitas receitas de felicidade são oferecidas, mas nenhuma delas consegue resistir aos desafios e provas que a vida traz. Porque o mais importante não é de encontrar a definição de felicidade, mas de ser feliz! Uma descoberta surpreendente: o Novo Testamento não usa a palavra “felicidade” apenas para definir uma noção abstrata. Nem Jesus e nem os apóstolos são filósofos, e por isso não foram responsáveis por escrever um “tratado sobre a felicidade”, nem por nos dar definições. Eles não prometem fazer os outros felizes da forma como as pessoas pensam. Contudo, Cristo determina com autoridade aqueles que podem dizer-se “felizes” ou “bem-aventurados”. E normalmente não são nunca as pessoas que pensamos.
Felizes aqueles que…
Basta fazer um pequeno teste. Pegue uma folha de papel e anote a lista de ingredientes que você acha que é necessário para ser feliz. Em seguida, escreva, à maneira do Evangelho: “Felizes aqueles que”. Depois, compare com o capítulo cinco do Evangelho de São Mateus. Aqui estão algumas respostas comuns dadas por um grupo de jovens com o qual trabalhei: “Felizes aqueles que têm dinheiro suficiente para viver. Felizes aqueles que são saudáveis. Felizes aqueles que têm uma família unida. Felizes os que têm trabalho. Felizes os que encontraram seu chamado. Felizes aqueles que estão satisfeitos na sua própria pele. Feliz é quem tem um bom caráter. Feliz aquele cujos pais não estão separados. Estas são algumas das melhores respostas. Contudo, ninguém fala da felicidade de ser cristão ou de ser amado por Deus.
Quando comparamos essas respostas com as bem-aventuranças, não apenas ficamos impressionados com as diferenças óbvias entre essas duas listas – que por acaso já estávamos esperando – mas nos admiramos com o fato de que ninguém foi convencido pela lista estabelecida por Jesus. Alguns as admiravam, mas ninguém desejava ser como aqueles bem-aventurados. Obviamente, não estávamos falando sobre a mesma coisa. Quaisquer que sejam as nuances observadas, ninguém achava que a felicidade verdadeira está em quem é pobre, gentil ou misericordioso; ninguém invejava o destino de quem chora. Sem mencionar a perseguição, que gerou muitas dúvidas, como já era de se esperar. No limite da pureza de coração, onde o amor pela justiça se transforma em fonte de felicidade.
Felicidade, um presente que já recebemos
O choque foi salutar. Ele nos permitiu entender que existem duas concepções da felicidade. Para Jesus, quem está em comunhão com Deus é verdadeiramente feliz. E a grande revelação de Jesus é que Deus está sempre a imaginar um pobre, gentil, misericordioso, criador da paz, um coração puro. Feliz aquele que coloca em Deus toda a sua confiança. Aquele que se apoia mais em Deus do que nos homens é verdadeiramente feliz. Como declarou a Virgem Maria à Santa Bernadete Soubirous em Lourdes: “Eu não os prometo ser feliz na terra, mas no céu”. A frase pode decepcionar aquele que não crê, mas enche de alegria aquele que a recebe com fé.
É preciso então que, com Jesus, retornemos à fórmula. Em vez de procurar o que pode tornar o homem feliz, negócio arriscado e muitas vezes decepcionante, vale mais a pena procurar aquele que merece essa “descrição” divina de homem feliz. O Senhor abre então os nossos olhos para aquilo que é a verdadeira felicidade. Ser feliz é um presente que já recebemos, mas que nossos olhos são frequentemente impedidos de ver. Devemos pedir ao Senhor que mostre isso para nós. Em vez de correr atrás de uma felicidade ilusória, como insaciáveis objetos virtuais, peçamos ao Senhor que nos revele tudo aquilo que nos traz felicidade verdadeira.
Por Irmão Alain Quilici, via Aleteia