Espaço Valdocco 19 – Mais dificuldades na escola de Castelnuovo.
13/01/2015Espaço Valdocco 21 – “Se eu for sacerdote, serei muito diferente”.
13/01/2015Muito provavelmente nas férias do verão de 1830, a Providência Divina fez o adolescente João Bosco encontrar outro grande amigo. Um amigo porém, que irá permanecer presente sempre dali para frente, o acompanhando e o apoiando nos momentos mais decisivos da sua missão, como seu amigo, benfeitor, professor e diretor espiritual. Estamos falando de outro grande santo de Turim, São José Cafasso.
Dom Bosco conta nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales” que havia ido participar da festa da Maternidade de Nossa Senhora, a festa mais importante do ano em Murialdo. A festa era comemorada na aldeia com uma grande feira. Por toda a parte se via gente ocupada, tanto em casa como na igreja. E havia muitos também que ficavam apenas olhando o movimento ou participando dos muitos jogos e brincadeiras que aconteciam durante a festa.
Joãozinho Bosco percebeu uma pessoa que permanecia longe de todo esse espetáculo. Era um jovem seminarista, de estatura baixa e de aparência simpática. Conta que ficou tão fascinado por aquela figura que não conseguiu evitar falar com ele:
– Senhor padre, quer ver algum espetáculo da nossa festa? Terei muita alegria em levá-lo onde quiser.
Dom Bosco conta que, com gentileza, o clérigo lhe chamou para perto e lhe perguntou sobre a sua idade, seu estudo, sua vida sacramental, frequência ao catecismo, etc. Ficou muito impressionado com a maneira daquele jovem seminarista falar e respondeu com satisfação todas as perguntas feitas. Depois, querendo ser grato, convidou mais uma vez para ver algum espetáculo:
– Meu caro amigo, os espetáculos dos padres são as funções de igreja. Quanto mais devotamente se celebrarem, tanto mais agradáveis serão. Nossas novidades são a prática da religião, que são sempre novas e, por isso, deve-se frequentá-las com assiduidade. Estou só esperando que se abra a igreja para poder entrar.
Neste momento, o adolescente de quinze anos já tinha adquirido liberdade e coragem suficientes para dizer:
– É verdade tudo o que você me diz. Mas há tempo para tudo: tempo para ir à igreja e tempo para divertir-se.
Cafasso riu e terminou a conversa com estas palavras, que Dom Bosco depois classificou como “memoráveis” e um verdadeiro programa para toda a sua vida:
– Quem abraça o estado eclesiástico entrega-se ao Senhor, e nada do mundo deve interessá-lo, a não ser o que pode redundar em maior glória de Deus e proveito das almas.
Nesta época em que conheceu Joãozinho Bosco, o clérigo Cafasso estava no primeiro ano de teologia. Embora sempre tenha sido alguém de saúde muito frágil, era admirado pelo seu empenho nos estudos e pelo seu testemunho de vida. Acreditava que a santidade não consistia em realizar grandes gestos extraordinários, mas sim fazer as coisas do dia-a-dia de forma extraordinária.
Foi ordenado padre em 21 de setembro de 1833, três anos depois do seu encontro com Joãozinho Bosco. Não possuía ainda a idade mínima para ser ordenado padre (23 anos), mas recebeu uma autorização especial do arcebispo de Turim, Luís Fransoni.
Transferido para Turim, continuou os seus estudos de Teologia Moral e obteve a faculdade para ouvir confissões. Assumiu a coordenação da catequese nas prisões da cidade.
Fez grande amizade com o teólogo Luís Guala, fundador do Colégio Eclesiástico, instituição que visava complementar a formação do sacerdote, com um enfoque especial no estudo da moral e da prática pastoral. Cafasso estudou no colégio e foi um aluno exemplar. Exatamente por isso, o Pe. Guala o convidou a permanecer no colégio como seu assistente.
João Bosco se encontrou outras vezes com José Cafasso e o teve como confessor a partir dos seus últimos anos no seminário. Estreitou sua relação com ele quando, após ordenado, também foi estudar no Colégio Eclesiástico. Os processos de beatificação e canonização do Pe. Cafasso descrevem-no como “co-fundador, pai e primeiro colaborador do Oratório de São Francisco de Sales” e afirmam que “sem Pe. Cafasso, a obra de Dom Bosco não teria chegado a existir”.
Mas sobre isso ainda falaremos com mais calma e com mais detalhes…
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio