Festa da Apresentação de Jesus
01/02/2015Espaço Valdocco 23 – O sacrifício de pedir ajuda.
03/02/2015Como vimos nos últimos textos, João Bosco experimentou algumas frustrações em seu ano de estudos em Castelnuovo. Em primeiro lugar, a troca de professor na escola, que não conseguia manter a ordem em sala de aula e fez com que o ano escolar fosse quase que perdido. Por consequência disso, as hostilidades que João enfrentava por parte dos seus colegas por ser maior do que eles e por vir dos Becchi, uma região essencialmente rural. E em segundo lugar, como dito na semana passada, a tristeza por não conseguir manter uma relação de amizade e de proximidade com os padres locais (em contraste com a grande amizade que teve com o Pe. Calosso e com o Pe. Virano, seu professor que foi transferido).
Entretanto, o ano em Castelnuovo não foi uma perda total. A decepção com os padres, por exemplo, fez João Bosco amadurecer a ideia de ter um contato completamente diferente com os jovens, caso viesse a se tornar sacerdote. Também os ofícios de músico e de alfaiate, aprendidos nos tempos livres com o Sr. Roberto, dono da casa onde ficava, e o ofício de ferreiro, aprendido com o Sr. Evásio Sávio, serão muito importantes no futuro quando Dom Bosco iniciar as escolas profissionais em seu oratório.
Mas claro: João termina o ano escolar desiludido e desmoralizado pelo seu professor e pelos seus colegas. Chegará a dizer nas Memórias do Oratório que “aquele trato desrespeitoso e humilhante do sacerdote, quase havia feito perder tudo o que havia aprendido nos meses anteriores. É nesta situação que o jovem Bosco vai para as suas férias de verão-outuno de 1831, no sítio de Sussambrino, em uma propriedade que seu irmão José assumiu com um amigo para cultivar a terra. Também Mamãe Margarida havia deixado os Becchi para morar com seu filho José.
João aproveitou as férias para estudar muito. Mas não queria ser um peso para o seu irmão. Por isso ajudava nos trabalhos do campo. Mas empregava tanto tempo para a leitura que chegava até a descuidar dos animais, enquanto vigiava o pasto.
E ele não estava sozinho com a sua família em Sussambrino. Lá havia o seu amigo José Turco, um menino mais velho que conheceu em Castelnuovo. Pessoa excelente e um ótimo cristão. A família de Turco era proprietária de terras e de uma vinha vizinha à casa do irmão de João. José Turco teve a oportunidade de testemunhar no processo de beatificação de Dom Bosco e contar que, nestas férias de 1831, João havia contado para ele e para sua irmã Lúcia Turco, um sonho que confirmava a sua vocação.
Tratava-se de uma repetição do mesmo sonho dos nove anos de idade. João se viu novamente no mesmo vale do primeiro sonho, o mesmo rebanho de ovelhas e a Senhora de aspecto resplandecente. “Torna-te humilde, forte e robusto – repetira – e a seu tempo tudo compreenderás”.
Um fato interessante na vida de João nestas férias se deu na festa do padroeiro da aldeia de Montafia. Era perto de Sussambrino. João ficou sabendo que teria “pau-de-sebo” na festa e que entre os prêmios teria uma bolsa de 20 liras. Era bastante dinheiro para João. Em Moncucco, precisaria trabalhar um ano para ganhar 15 liras!
O pau-de-sebo era muito alto, listo e encharcado de óleo e banha. A rapaziada toda do lugar ficava olhando o aro de ferro onde estavam pendurados pacotes, salames, garrafas de vinho e a bolsa com o dinheiro. De vez em quando alguém tentava a escalada, com muita torcida do público. Mas o “gás” acabava na metade do caminho… E caía de volta, em meio às vaias e os assobios.
João estudou bem a situação, cuspiu nas mãos e se grudou no poste. Foi subindo calmamente e, de vez em quando, se assentava nos calcanhares e descansava. E o povo embaixo, gritando. João, porém, estava tranquilo. Ficaria ali o dia inteiro se fosse preciso.
Avançando sempre com muita calma, chegou até onde o mastro ficava mais fino. Respirou, deu os últimos impulsos. O povo já estava em silêncio, na expectativa. João conseguiu pegar a bolsa com as 20 liras e a segurou com os dentes. Ainda catou mais um salame e um lenço. E deslizou para baixo.
Durante este tranquilo período de férias no sítio, João, com o seu irmão José e Mamãe Margarida e, sem dúvida, seu tio Miguel e, possivelmente, sua tia Mariana, puderam avaliar com calma a experiência de Castelnuovo. A decisão foi que João não voltasse para lá, mas pedisse uma vaga na escola secundária de Chieri.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio