Espaço Valdocco 23 – O sacrifício de pedir ajuda.
03/02/2015Espaço Valdocco 25 – O início dos estudos em Chieri.
03/02/2015Diz Dom Bosco nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales” que “depois de tanto tempo perdido”, ele chegava em Chieri, para aplicar-se com seriedade aos estudos. Isso aconteceu em 1831.
É uma cidade muito antiga, com muitos aspectos remanescentes ainda do século XIII. Já havia sido, no passado longínquo, uma cidade poderosa e temida.
É localizada em lugar privilegiado. Situa-se a 12 quilômetros a sudeste de Turim, no centro do Piemonte. Em 1831, a cidade contava 9 mil habitantes.
Nos tempos de nosso fundador, no entanto, assim como hoje, Chieri é conhecida como uma boa cidade dos conventos, dos colégios e das indústrias de tecidos. Cerca de 30 oficinas produziam tecidos de linho, algodão, seda e lã.
A igreja matriz da paróquia Santa Maria dela Scala, conhecida como Duomo, ou catedral (por ter sido sede diocesana em tempos passados), de estilo gótico, do início do século XV, com suas cinco naves e seus vinte e dois altares, era um tesouro do Piemonte. Quinze cônegos desempenhavam conjuntamente a função de reitor desta igreja e mantinham dois coadjutores que governavam a paróquia. Ainda havia uma outra paróquia, a de São Jorge, de tamanho menor, e localizada na parte mais alta da cidade. Todas as funções litúrgicas próprias de uma paróquia, com exceção do batismo e da extrema unção, eram realizadas no Duomo.
Foi neste lugar repleto de história, de piedade e de estudos que chegou o nosso jovem camponês, com o coração repleto de esperança e de entusiasmo. Em Chieri, João Bosco passou dez anos de sua vida (quatro na escola secundária e seis no seminário). Foram anos decisivos para a sua educação e formação.
Na escola secundária estudavam meninos das proximidades e também de cidades distantes. Quando João chegou, 159 alunos estavam matriculados. Os dominicanos dirigiam a escola. Seu diretor, o decano, era o Pe. Pio Eusébio Sibilla. Todo o programa acadêmico baseava-se nas reformas impostas pelo rei Carlos Félix.
O ambiente escolar era cristão e exigente, próprio do período histórico da “Restauração”, que sucedeu à revolução napoleônica. No programa de estudos, a religião formava parte fundamental da educação. O professor que, ainda que brincando, dissesse qualquer coisa-palavra indecorosa ou indecente, era demitido imediatamente. E se isso acontecia com os professores, imagine a severidade que se empregava aos alunos indisciplinados.
Havia missa todos os dias para os estudantes. Ao começar a aula, rezava-se devotamente e, ao acabar, se dava a ação de graças. Nos dias festivos, os alunos se reuniam na igreja. Fazia-se uma leitura espiritual e o Ofício da Virgem Maria, depois a missa e a explicação do Evangelho. À tarde, se tinha o catecismo, oração e uma instrução. Todos deviam receber os sacramentos e, para impedir a negligência nestes deveres, havia a obrigação de se apresentar, ao menos uma vez por mês, a ficha de confissão.
Como dissemos no último texto, João chegou a Chieri depois de suas férias com a família em Sussambrino. Caminhou 18 quilômetros para chegar ao seu destino. Fez esta viagem acompanhado de seu amigo João Filippello.
Este pôde, em 1892, testemunhar no processo de beatificação de Dom Bosco e contar muitas coisas interessantes a respeito do que conversaram no caminho. Fillipello disse que João foi se abrindo durante a caminhada: falou dos próximos estudos, relembrou acontecimentos passados e as tentativas feitas.
Fillipello diz que, a certa altura da conversa, falou a João:
– Só agora vai estudar e já sabe tantas coisas! Desse jeito, logo será pároco.
João ficou sério e respondeu:
– Sabe o que significa ser pároco? Tem obrigações muito graves. Quando se levanta da mesa, deve pensar: E meus fiéis? Terão eles matado a fome? Deve dividir o que tem com os pobres. Caro Fillipello, eu nunca aceitarei ser vigário. Quero dedicar a minha vida aos jovens.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio