Espaço Valdocco 25 – O início dos estudos em Chieri.
03/02/2015Espaço Valdocco 27 – O cuidado de João em escolher suas amizades.
03/02/2015João Bosco estabilizou-se em seus estudos em Chieri, agora na quarta classe. Já se completavam dois meses nesta sala e tudo ia muito bem. Até que um fato fez com que João chamasse novamente a atenção de seu professor e de seus colegas.
Ele conta nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales” que um dia o Pe. José Cima estava explicando a vida de Agesilau – um famoso rei da história grega – usando o livro de Cornélio Nepos (um importante biógrafo e historiador romano).
Bosco, porém, havia esquecido esse livro no dia. Para “disfarçar” o esquecimento, ficou com um outro livro aberto à sua frente, o Donato (uma famosa gramática de latim). Os colegas que sentavam mais perto de João perceberam o que ele estava fazendo e começaram a rir, primeiro discretamente e depois escancaradamente.
O professor quis saber o que estava acontecendo e, como todos olhavam para João, mandou que ele explicasse o que estava sendo falando em aula. Convicto, Bosco levantou-se, e sempre segurando o outro livro nas mãos, repetiu de cor o texto, a construção e a explicação, como se estivesse com o livro correto em sua frente. Os colegas não puderam conter a admiração e os aplausos.
O Pe. José Cima também não conteve os ânimos: enfureceu-se, porque era a primeira vez que não conseguia manter a disciplina em sua classe. Tentou dar um safanão em João, evitado por um desvio de cabeça. Pegou à força o livro e pediu explicação da bagunça para os outros estudantes. Um, mais corajoso, disse:
– Bosco estava desde o início com o Donato nas mãos, e leu e explicou como se fosse o livro de Cornélio.
O professor, ainda com o livro em suas mãos, pediu que João continuasse um pouco mais a explicação. E então disse:
– Pela sua feliz memória perdôo-lhe o esquecimento. Tem sorte. Procure servir-se bem dela.
Algumas outras coisas estranhas aconteceram em Chieri, devido à memória excelente de João. Os fatos eram tão raros que alguns colegas julgavam que não podiam ser resultado apenas do talento de João… Algo extraordinário deveria acontecer também!
Conta-se, por exemplo, que em uma noite sonhou que o professor havia passado um trabalho para toda a classe. Logo ao despertar, saltou da cama e se pôs a escrever o que havia sonhado, um ditado em latim. Mais tarde, traduziu o mesmo texto com a ajuda de um sacerdote amigo. Aconteceu que, na manhã seguinte, o professor passou em classe um trabalho sobre o mesmo tema que João havia sonhado. Sendo assim, sem usar o dicionário e nem gastar muito tempo, escreveu o seu trabalho, tal como lembrava do sonho. Havia acertado tudo! Questionado pelo professor, expôs todo o conteúdo com ingenuidade, causando uma grande admiração em todos!
Em uma outra ocasião, João entregou tão rápido seu trabalho, que acabou gerando uma desconfiança no professor. Um garoto não podia resolver tantos problemas gramaticais em tão pouco tempo. Leu mais algumas vezes o trabalho de João com muita atenção e se admirava em ver um trabalho tão bem feito.
Para poder se certificar melhor que não havia nenhuma fraude, o professor pediu o rascunho de João. Ao ver, mais uma grande surpresa. Como o texto era muito grande, o professor havia ditado apenas a metade. Entretanto, no caderno de João, já encontrava-se o texto inteiro, sem uma sílaba a mais e nem a menos. O que havia acontecido? Não era possível que ele tivesse copiado tão rápido (naquela época ainda não havia internet! rs…).
Pressionado, João confessa: eu sonhei!
Estas histórias foram passadas e chegaram até os tempos do oratório. Os meninos de Valdocco espalhavam entre si estes contos a respeito de seu querido pai. Perguntado sobre eles, Dom Bosco nunca os negou. Mais que isso, Dom Bosco contava outras histórias de semelhante tom extraordinário. De maneira alguma contava estas coisas para se exaltar. Dom Bosco era humilde e a humildade aborrece a mentira. Suas narrações tinham sempre e unicamente o objetivo de educar os seus jovens para a virtude. Eram histórias revestidas de uma tal simplicidade que atraía os corações.
Ao final daquele ano escolar (1830-1831), João passou para o terceiro ano ginasial, com boas notas em seu histórico.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio