Espaço Valdocco 26 – Uma memória extraordinária.
03/02/2015Paróquia celebra Dom Bosco
03/02/2015A Sagrada Escritura, no livro do Eclesiástico, traz palavras sábias a respeito de como devemos escolher os nossos amigos:
“Sejam numerosas as tuas relações, mas os teus conselheiros, um entre mil. Se queres um amigo, adquire-o pela prova e não te apresses em nele confiar. Porque há amigo de ocasião; ele não será fiel no dia da tua tribulação. Há amigo que se torna inimigo e que revelará querelas para tua vergonha. Há amigo que é companheiro de mesa mas que não será fiel no dia de tua tribulação. Na tua prosperidade é como se fosse outro tu, falando livremente a teus servos; se és humilhado, estará contra ti e se esconderá de tua presença. Afasta-te de teus inimigos e acautela-te com teus amigos.” (Eclo 6, 6-13).
Podemos dizer que João Bosco, guiado unicamente pela prudência, seguiu à risca estas orientações bíblicas sobre as amizades desde que chegou à escolha de Chieri. Também porque, como bem lembramos, este já havia sido um dos seus propósitos, no dia sua primeira eucaristia: “Fugir das más companhias como da peste”.
Nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”, João testemunha o que viveu nesta época: “Durante as primeiras quatro classes tive de aprender por minha conta como tratar os colegas. Dividira-os em três categorias: bons, indiferentes, maus. Estes últimos devia evitá-los absolutamente e sempre, assim que os conhecesse. Com os indiferentes havia de entreter-me por delicadeza e por necessidade. Com os bons podia travar amizade, quando fossem verdadeiramente tais. Como não conhecia ninguém na cidade, resolvi não contrair familiaridade com ninguém. Tive entretanto de lutar e muito com os que não conhecia bem. Alguns queriam levar-me ao teatro, outros a disputar uma partida, outros a nadar. Houve até quem quisesse induzir-me a roubar frutas dos pomares e nos campos. Um deles foi tão descarado que me aconselhou a roubar da minha patroa um objeto de valor para comprarmos caramelos. Livrei-me dessa caterva de infelizes fugindo rigorosamente de sua companhia, à medida que os ia descobrindo. De ordinário respondia que minha mãe me havia confiado à dona da casa onde estava hospedado, e que pelo amor que lhe tinha não queria ir a lugar algum nem nada fazer sem o consentimento da boa dona Lúcia.”
Esta obediência fez com João fosse muito estimado por dona Lúcia. Tanto assim, que encomendou aos seus cuidados o seu próprio filho que, também na escola, não conseguia ter um bom proveito nos estudos. Era de uma personalidade muito inquieta e não sabia dividir o tempo entre os seus deveres e os seus divertimentos.
João, embora estivesse em uma classe abaixo, ajudava o filho de dona Lúcia com as suas tarefas escolares. Interessou-se em ajudá-lo como se fosse seu próprio irmão. Com boas maneiras, com pequenos presentes, às vezes com algumas brincadeiras e, sobretudo, levando-o para as celebrações religiosas, João transformou o rapaz em um garoto dócil, obediente e estudioso.
A patroa ficou tão contente que acabou por liberar João da mensalidade da casa e das despesas com a alimentação, sobrando assim para ele apenas os gastos com os livros e com as roupas. Continuou ajudando o filho de dona Lúcia por mais dois longos anos, prestando-lhe essa amorosa e vigilante assistência.
Algo muito raro na vida de João neste tempo eram os momentos de descanso. Quando os outros estudantes estavam no recreio, ele se empenhava nos trabalhos manuais. Aprendeu com facilidade, em uma oficina de alguns carpinteiros que conhecia, a trabalhar com madeira. Tornou-se um hábil construtor de móveis.
Ainda havia amigos que tentavam levar João para a desordem. Como os convites eram sempre negados, não poucas vezes as reações eram desrespeitosas. Bosco, porém, não fazia caso e continuava a tratar todos com a mesma bondade.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio