Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo
03/06/2015Espaço Valdocco 33 – Um trabalho perigoso e exigente no Café Pianta
05/06/2015No ano letivo de 1833-1834, João Bosco resolveu fazer o curso de Retórica. De fato, gostava muito do estudo das letras e apreciava bastante os autores clássicos.
No entanto, o maior presente que João ganhou neste ano foi outro: foi um grande e inesquecível amigo, chamado Luís Comollo.
Falava-se nos corredores da escola que estava para chegar um aluno santo, que dizia ser o sobrinho do pároco de Cinzano, um sacerdote maduro e conhecido por sua vida exemplar.
Certo dia, um grupo de alunos da sala de João Bosco estava brincando momentos antes de começar a aula. Um garoto chamava a atenção de todos há alguns dias. Tinha cerca de 15 anos e aparentava ser uma pessoa simples. Quando chegava ao colégio, sentava-se no seu lugar e colocava-se a ler ou a estudar, sem que o barulho dos seus colegas o incomodasse.
Um colega, irritado com isso, aproximou-se dele, pegou-o agressivamente pelo braço, e insistia para que ele participasse da brincadeira.
– Mas eu não sei, nunca brinquei assim – respondia.
– Pois eu quero que venha do mesmo jeito, caso contrário vou fazer você vir com socos e pontapés!
– Pode bater como você quiser, mas eu não sei, não posso e não quero.
O colega ruim e mal-educado puxou o menino de vez pelo braço e lhe dou dois bofetões que ecoaram em toda a sala. Bosco ao ver aquela cena injusta, sentiu o seu sangue ferver e ficou esperando a reação do menino ofendido. Ainda mais porque era maior e mais velho do que quem lhe batia. Qual não foi a surpresa de todos quando o menino, com o rosto vermelho, lançou um olhar de compaixão ao mau colega e disse:
– Se isto basta para satisfazer você, vá em paz, eu já te perdoei.
João Bosco ficou impressionado com esta atitude heroica e quis conhecer melhor o menino. Pois era justamente Luís Comollo, o tal que era sobrinho do pároco de Cinzano. Desde aquele dia, Bosco procurou aproximar-se ao máximo de Comollo, tornando-se seu amigo íntimo. Dele, Dom Bosco escreve nas “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales”: “dele aprendi a viver como cristão”. Uma afirmação forte, principalmente para quem já havia tido a experiência de ter Mamãe Margarida no itinerário de sua vida, mas que expressava a importância que João atribuiu a esta amizade de sua juventude.
João depositou em Comollo toda a sua confiança e ele, em João. Um precisava do outro. Luís era extremamente tímido e precisava de ajuda para se defender dos valentões da escola. João, por sua vez, dada a sua coragem e força física, era temido pelos colegas.
Sobre isso um outro fato que trouxe um grande aprendizado para João Bosco vale a pena ser lembrado. Um grupo de garotos ameaçava bater em Luís Comollo e em outro rapaz, muito pacífico, chamado Antônio Candelo. Bosco tentou intervir, mas ninguém lhe deu atenção. Até que em um certo momento, disse em voz alta:
– Ai de quem maltratar um deles.
Enquanto um bom número daqueles garotos se puseram em posição de ameaça e de defesa com João, duas sonoras bofetadas acertaram o rosto de Comollo. Foi o bastante para João perder a razão e recorrer à força física. Segurando um colega pelos ombros, usou dele para bater nos outros. Quatro deles saíram rolando pela terra, outros fugiram gritando e alguns ficaram pedindo piedade.
Foi quando, exatamente neste instante, entrou o professor na sala de aula. Encontrou aquela situação de grande desordem, com gente caída no chão, um barulhão insuportável e tapas para todos os lados. No entanto, quando o professor soube o que havia acontecido, perguntou se João poderia repetir a sua notável demonstração de força. Todos riram e no final ninguém saiu castigado.
Passado este fato, Comollo diz à João:
– Meu amigo, tua força me espanta; lembra-te, porém, que Deus não a deu para massacrar os colegas. Ele quer que nos amemos, que perdoemos, que façamos o bem a quem nos faz o mal.
A amizade com Luís Comollo crescia a cada dia. Dom Bosco, no futuro, reconhecerá a importância deste amigo em sua trajetória de vida, escrevendo a sua biografia para os jovens do seu oratório, apresentando-o assim como um modelo de vida e de santidade.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
e-mail: [email protected] – Facebook: www.facebook.com/glaucosdb
ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio