Espaço Valdocco 32 – O amigo Luís Comollo.
05/06/2015Espaço Valdocco 34 – Uma presença que causava admiração e fazia a diferença.
05/06/2015Com o fim dos estudos do filho de Lúcia Matta, João perdeu a sua pensão em Chieri. Precisava encontrar outro lugar para ficar. Encontrou-se com João Pianta, irmão da Sra. Matta (e alguns dizem que era primo e amigo dos Bosco), que possuía um café e precisava de alguém para ajudá-lo no bar. Bosco aceitou a proposta. Seu trabalho consistia em limpar o estabelecimento de manhã, antes de ir para a aula; passar algumas horas da noite no balcão e, depois, no salão de bilhar. Seu pagamento era duas refeições diárias e a hospedagem.
Na realidade, João aceitou este trabalho porque realmente não encontrou algo que fosse melhor. Era um trabalho muito duro e com um rotina de poucas horas diárias de descanso.
O Sr. Pianta, mais de 50 anos depois, na época da morte de Dom Bosco, testemunhou que era impossível achar um jovem melhor que João Bosco. Mesmo com tanto trabalho, ajudava na missa todas as manhãs. Ainda tinha tempo para cuidar com muito carinho da mãe idosa e doente de seu patrão.
Não seríamos coerentes com a verdade, porém, se dissermos que João foi bem tratado nos tempos de trabalho no Café Pianta. Em geral, suas refeições consistiam em uma simples sopa, apesar de toda a sua dedicação no trabalho de preparar cafés, pastéis e outras guloseimas para o bar. Além disso, sua “cama” era um pequeno espaço em cima de um forno, no qual se coziam os doces. Além da falta de conforto, o lugar era tão pequeno que mal cabiam os pés de João. Não há dúvida: este foi o ano mais duro para João nos tempos de seus estudos em Chieri. No entanto, nem toda a fadiga tiraram o ímpeto de buscar o seu sonho: muitas vezes chegava a passar noites em claro, estudando.
Em matéria de leitura, pelo tudo que indica João Bosco era um fenômeno. Pelo que relata, podemos perceber que leu muito na sua juventude. Admitiu mais de uma vez que, graças à sua prodigiosa memória, bastava prestar atenção na aula para reter o conteúdo. Sendo assim, poderia investir o resto do tempo em suas leituras.
Entretanto, Dom Bosco não deixou de dizer, anos mais tarde, que ficar acordado para ler de madrugada afetou muito a sua saúde, chegando a colocar sua vida em perigo. De fato, ficava doente com muita facilidade nestes tempos de estudos. Tudo indica que sofria de alguma doença broncopulmonar, que acabou por se tornar, anos depois, um enfisema crônico, com muitas complicações. Não é exagero imaginar que este e alguns outros problemas de saúde que Dom Bosco enfrentou teve a sua origem nos exageros dos anos de estudante. Exageros que eram agravados com as péssimas condições dos lugares onde dormia, pela alimentação insuficiente e pela falta de roupas adequadas nos muito gelados invernos do norte da Itália.
Um outro problema do trabalho de João no Café Pianta era a clientela do lugar. Era, de fato, muito perigoso para um jovem de 18 anos ter que lidar diariamente com as pessoas que frequentavam aquele bar para beber e jogar. No entanto, como o próprio Dom Bosco testemunha nas “Memórias do Oratório”, buscou continuar o relacionamento com amigos exemplares. Assim conseguiu forças para passar por este tempo sem deixar-se levar por nenhuma má influência.
Aliás, nas mesmas “Memórias”, Dom Bosco relata que, se não fosse pela sua prudência poderia ter corrido o risco de ser dar muito mal. Certo dia, ele com seus colegas foram ao campo almoçar com o Pe. Banaudi, um estimado professor do colégio de Chieri. Ele havia sido muito festejado pelos seus alunos no dia de seu aniversário e decidiu retribuir o carinho deles com este passeio.
Na volta, antes de chegar em Chieri, o professor encontrou-se com uma pessoa que fez-lhe deixar os meninos caminhando sozinhos na estrada, por um breve espaço de tempo. Foi quando alguns tiveram a ideia de fugirem para tomar banho em um lugar que ficava a uns dois quilômetros de onde estavam. Apesar da oposição de João e alguns outros, um pequeno grupo se foi. Horas depois a terrível notícia: um dos líderes do grupo havia se afogado. Só puderam encontrar o corpo do menino uma hora e meia depois do desastre. Este fato causou uma tristeza tão profunda em todos que, por um bom tempo, ninguém se atrevia a falar em nadar.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio