Espaço Valdocco 33 – Um trabalho perigoso e exigente no Café Pianta
05/06/2015Espaço Valdocco 35 – A amizade e a conversão do judeus Jonas.
05/06/2015No tempo em que trabalhou no Café Pianta, João Bosco era admirado por toda a vizinhança do lugar. A senhora Clotilde Vergnano, filha do proprietário da casa, disse em 1889 que era bem jovenzinha naquela época e que via sempre João por ali. Nunca estava ocioso. Viu, por exemplo, ele subir muitas vezes a escada do prédio vizinho para levar água ao bom sacerdote Pe. Arnaud. Este, aliás, soube-se depois, escreveu uma carta naquela época para o pároco de Castelnuovo, questionando se não poderia ajudar João Bosco a encontrar um lugar melhor que o Café Pianta para ficar.
Temos também registrado o testemunho do Sr. José Blanchard que diz nunca ter visto João envolvido em brincadeiras e diversões no horário das aulas ou do trabalho. Embora João gostasse muito de seus amigos e das diversões com eles, seguia infalivelmente a máxima: “Tudo tem o seu tempo”. Tinha a sua semana inteiramente programada com as suas atividades: as reuniões da Sociedade da Alegria, a ajuda no estudo dos seus amigos, o seu trabalho no Café, à escola e à oração, à Igreja e aos sacramentos.
Até para o recreio, João tinha uma programação preparada em sua cabeça. Sobre isso nos conta José Caselle, que naquela época morava em uma pensão com outros seis ou sete jovens, na casa de um bom sacerdote em Chieri, em frente ao Café Pianta. Eis o relato de Caselle: “Em quase todas as noites, especialmente no inverno, depois de jantar, quando o trabalho lhe permitia, João Bosco vinha entreter-se conosco. É indizível a alegria com que o recebíamos, quando ele aparecia. Começava a nos fazer rir com alguma piada e, demonstrando sempre grande entusiasmo, nos contava histórias edificantes. Assim, nos entretinha por duas ou mais horas, sem que percebêssemos. Às vezes nos explicava alguma parte do catecismo. Com rara habilidade, nos perguntava se estávamos em dia com as nossas confissões, se estávamos sendo bons. E nós, muitas vezes para agradá-lo, nos aproximávamos dos sacramentos mais vezes do que era costume. Quando dizíamos que tínhamos nos confessado se alegrava muito e nos animava a manter os bons propósitos feitos. Por ele, estávamos dispostos a fazer qualquer coisa. Por mais tarde que fosse, nos custava muito nos despedirmos dele. Com frequência, até o padre que nos acolhia em sua casa vinha para escutar as coisas tão interessantes que João contava, que conseguia nos deixar tão silenciosos como ficávamos. Mais de uma vez o padre nos disse: ‘Que bom exemplo vocês têm! Quem sabe o que este rapaz vai chegar a ser?’. Nas noites que João não podia vir ficávamos tristes, o recreio parecia grande e pesado demais e ficávamos contando os minutos para o padre nos chamar para as orações”.
Um outro amigo de João desta época foi o sacristão Carlo Palazzolo, da catedral de Chieri. Era um homem de grande piedade, que já havia feito três vezes a peregrinação a pé até Roma, para visitar as Basílicas e as Catacumbas (bom lembrar que aproximadamente 600 km separam Chieri de Roma). Tinha 35 anos e, embora com poucos recursos, possuía um desejo ardente de ser sacerdote. Ele, ao conhecer a bondade de João, pediu que lhe desse algumas aulas. João naturalmente e começou a se encontrar diariamente com Carlo, de modo a prepara-lo para o exame para poder receber a batina.
O problema era que Palazzolo quase não tinha tempo para estudar. Mesmo assim João, recusando qualquer recompensa, não faltava um dia para as aulas na casa do sacristão. Pois ele ensinou com tanta paciência e habilidade que em pouco mais de dois anos conseguiu se apresentar para os exames, no qual se saiu muito bem.
Você pode se perguntar por quem soubemos disso tudo… pois foi pelo próprio Pe. Carlo Palazzolo que, anos depois, ainda era muito grato ao garoto João Bosco, que mesmo sendo 17 anos mais jovem, foi fundamental para ajuda-lo a responder à sua vocação sacerdotal.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio