Espaço Valdocco 7 – Um sonho que é memória e profecia.
07/11/2014Espaço Valdocco 9 – Um saltimbanco de Deus
11/11/2014Todos sabemos que Dom Bosco é muito conhecido também pelos seus muitos sonhos que, assim como aconteceu com este primeiro sonho aos nove anos, orientou o caminho da sua vida e da sua missão.
O sonho é um mecanismo natural que permite aos seres humanos restaurar a energia física e reorganizar a vida psíquica. Todos sonhamos embora nem sempre nos lembremos dos sonhos. Eles carecem de unidade lógica, de clareza em seus conteúdos e mensagens. Apresentam-se como fenômenos autônomos da intencionalidade do sujeito que os tem.*
Isto parece não acontecer em Dom Bosco. Suas narrações são claras e processuais, frutos de um pensamento organizado e racional. Esta também era uma virtude extraordinária de nosso santo fundador. De modo que podemos até chegar ao extremo de dizer que não se pode compreender Dom Bosco por inteiro, se deixarmos de lado os seus sonhos. “Falar de Dom Bosco sem os seus sonhos é como falar de Jesus sem as suas parábolas” (Fausto Jiménez).
Todos os sonhos convergem em um mesmo tema dominante: a salvação da juventude. Temos documentados mais de 170 sonhos de Dom Bosco. O primeiro é este que estamos estudando nestas semanas, que aconteceu quando ele tinha entre nove e dez anos. O último foi no final de novembro de 1887, aos 72 anos, dois meses antes de morrer.
Como já dissemos, Dom Bosco nem sempre deu a atenção devida aos seus sonhos. Ele passou a dar valor para eles a medida que se passavam os anos até chegar em um momento em que não duvidava mais daquilo que sonhava. Dom Bosco só narrou o seu primeiro sonho em 1858, ao Papa Pio IX, mais de trinta anos depois dele ter acontecido.
Provavelmente, o sonho dos nove anos aconteceu perto da festa da Anunciação em 25 de março. Algumas imagens que aparecem no sonho podem ter sido influencias pela pregação do Jubileu proclamado pela Igreja naquele ano. O papa Leão XII havia convidado a todos para uma reflexão sobre o serviço pastoral do Papa, dos Bispos e dos sacerdotes, buscando aproximá-los mais das necessidades espirituais do povo de Deus. Dom Colombano Chiaverotti, arcebispo de Turim entre 1819 a 1832, dizia que “todo padre deveria ser um bom pastor, seguindo o modelo de Jesus”. Temos muitos escritos de Dom Chiaverotti nesta época, na qual a ideia de que o clero deve ser formado por pastores que dão a sua própria vida pelo rebanho aparece constantemente.
No sonho, aparecem para Joãozinho um “homem venerando, nobremente vestido” e uma “senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto todo resplandecente como o Sol”. Estes personagens indicam para o ele:
– o seu campo de trabalho (animais selvagens: jovens abandonados e em perigo e perigosos para o meio familiar e social);
– o método educativo (não com pancadas, mas com mansidão, com paciência e caridade);
– as qualidades do educador (saudável, humilde, forte e robusto);
– uma Mestra que ajuda (a Virgem, Nossa Senhora, sua mãe e sua mestra);
– e os frutos (a mudança integral da pessoa, de feras em mansos e felizes cordeiros).
Mamãe Margarida, na fé que este sonho era a manifestação de uma vontade superior e um sinal muito claro da vocação sacerdotal de seu filho, começa a ter um cuidado maior com a sua formação humana e espiritual.
E Joãozinho, por sua vez, mesmo ficando com a opinião de sua avó (que não deveria dar crédito para os sonhos), de uma certa forma começa a colocá-lo em prática, reunindo os seus amigos de brincadeira e os outros pequenos empregados que vivem nos sítios espalhados pela região. É o que começaremos a ver agora: o começo do apostolado de Joãozinho Bosco.
Mas faremos isso depois de uma pequena parada, por conta da Jornada Mundial da Juventude. Nos encontramos novamente na primeira semana de agosto. Que Deus nos abençoe!
* JIMÉNEZ, Fausto. Los sueños de Don Bosco. Editorial CCS, Alcalá – Madrid, 1989.
TEXTO: Pe. Glauco Félix Teixeira Landim, SDB
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ADAPTAÇÃO E LOCUÇÃO: Domingos Sávio