Sínodo amazônico: dimensão regional e universal em debate no Vaticano
25/02/2019Venezuela: Bispo pede a militares e policiais que em nome de Deus não disparem contra povo
26/02/2019
A rotina
Nada pior para um casal, um sacerdote, uma liderança, uma autoridade do que a rotina. E por quê? Porque envelhece e mata a vida, impede a esperança e a criatividade. A pessoa rotineira abraça a mesmice, o conformismo, a facilidade e a indiferença. Tudo se torna sem sentido e sem valor, sem interioridade. É o pecado capital da preguiça. A rotina torna a vida sem graça, monótona, sem expectativa de melhora e transformação. A rotina é a morte do cotidiano, o desprezo dos valores e das maravilhas, é um caminho destrutivo.
A mediocridade
Precisamos sempre buscar ser mais, desejar ser melhores do que somos, corrigir nossos defeitos e transformar a realidade. A mediocridade frustra tudo isso. Prefere-se o efêmero, a meia-ciência, a vida soft e light. A pessoa medíocre não quer saber de estudo, de participação nem transformação. Vive na alienação, contenta-se com menos, não quer compromisso. Faz um pacto com a mediocridade, isto é, com uma vida sem sacrifício, sem lutas, sem responsabilidade, com muita indiferença e desinteresse. A pessoa medíocre é inimiga da disciplina e do sacrifício, gosta de se gabar de seus pecados e de criticar e diminuir os outros. Desposa a superficialidade.
Podemos curar a mediocridade com a força de vontade, buscando convicções e conversão.
As omissões
Pecamos mais por omissão que por ação. Omissão é deixar de fazer o que devemos e podemos, como também fazer mal o que podemos fazer de um modo bem melhor. A omissão é escape, fuga, desinteresse, irresponsabilidade. O mundo seria outro se não fôssemos omissos nem acomodados.
Podemos vencer as omissões adquirindo o senso de justiça, a sensibilidade pelos outros, a compaixão pelo irmão e, principalmente, a autenticidade. Existimos para ajudar o outro a ser mais e melhor.
O apego
A raiz do sofrimento moral é o apego. Nossas brigas, ciúmes, discórdias e divisões são frutos do apego. Quem é apegado vive numa prisão, é escravo da dependência, não tem liberdade interior, não é capaz de discernimento. O apego os impele à posse dos outros, das coisas e de si mesmos. Isso gera muito sofrimento, porque precisamos defender nossos apegos. Quando perdemos o objeto do apego ficamos raivosos, tristes, decepcionados, porque somos escravos, dependentes, condicionados por ele [apego].
O único caminho de nos libertarmos desse vício é abandonar o objeto de apego, cuja recompensa é a liberdade interior, que significa sermos livres do mal para nos tornarmos livres para a prática do bem. Vencemos o apego pela consciência do seu negativismo.
A preocupação
Ocupação sim, preocupação não. A preocupação antecipa problemas, aumenta as dificuldades, desgasta as pessoas e não resolve nenhum problema. O que resolve é a ocupação. Além de prejudicar a saúde, a preocupação dificulta a convivência, alimenta o negativismo, o estresse e a agressividade. Resolvemos o problema da preocupação com a fé na Providência Divina, com a previsão das soluções, com o bom senso e o discernimento. Mais solução, menos preocupação.
A idolatria
É tudo o que colocamos no lugar de Deus e endeusamos. Os grandes ídolos, hoje, são o poder, o prazer e o ter desordenados. No lugar de Deus, fabricamos deuses falsos, enganadores, opressores, que são absolutizados como sexo, drogas, bebidas, dinheiro, aparência, prestígio. Nossos ídolos são adorados, exaltados, divinizados, e, por isso mesmo, nos escravizam. Há ídolos pequenos e grandes. Todo ídolo é falso, enganador, escravizador. Quem adora o Deus vivo e verdadeiro obedece ao mandamento do amor a Deus, busca crescer na fé, livra-se dos ídolos. Adorar em espírito e verdade é o ensinamento de Jesus.
Por Dom Orlando Brandes – Arcebispo da Arquidiocese de Aparecida (SP), via Canção Nova